Tony Garcia volta sugerir CPI da Lava Jato e diz que Lula 'merece ter conhecimento da armação para levá-lo à prisão'
O empresário citou os senadores Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros para a defender uma CPI com o objetivo de apurar crimes de Sergio Moro

247 - O empresário Tony Garcia, que tem revelado mais irregularidades do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) quando o parlamentar era juiz, voltou a sugerir pelo Twitter a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Operação Lava Jato. De acordo com o delator, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa saber mais detalhes das armações para levar o petista à prisão em 2018.
"Após esse escândalo das conversas entre procuradores da Lava Jato e Moro, sugiro aos senadores Renan e Randolfe que colham assinaturas para abertura de uma CPI no senado da república. O país precisa passar essa história nefasta a limpo. O Presidente Lula merece ter conhecimento de toda essa armação para levá-lo à prisão", disse Garcia no Twitter.
O empresário fez referência a conversas entre Moro e promotores. Na condição de juiz, o atual senador procurou o delegado da Polícia Federal Luciano Flores para buscar informações que pudessem comprometer Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos de Lula. Foi o que apontaram novos diálogos de procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR) que constam no acervo da operação Spoofing.
Na última segunda (5), o empresário havia sugerido a parlamentares a criação da CPI da Lava Jato.
Nesta quarta (7), a TV 247 transmitiu com exclusividade o depoimento de Garcia à juíza Gabriela Hardt sobre os crimes cometidos por Moro. Na última sexta (2), o empresário informou ao 247 que, a mando do ex-juiz, gravou de forma ilegal o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) em 2018. Também afirmou que foi instruído a dar uma entrevista à revista Veja que pudesse comprometer o ex-ministro José Dirceu (PT). Garcia disse que Moro transformou "Curitiba na Guantánamo brasileira".
Em 2021, o Supremo Tribunal Federal declarou a suspeição de Moro nos processos contra Lula, que teve os direitos políticos devolvidos. Em 2022, o atual senador foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral e, por consequência, decidiu ser candidato pelo estado do Paraná.
Apoie o documentário "Os crimes de Moro e a máfia de Curitiba", do jornalista Joaquim de Carvalho, repórter especial e documentarista do 247, que entrevistou o empresário Tony Garcia, responsável por denúncias de novas ilegalidades do ex-juiz, massacrado por internautas nas redes sociais.
Exclusivo: o depoimento em que Tony Garcia apontou os crimes de Moro e Gabriela Hardt engavetou

Garcia afirmou à juíza que ele era um agente infiltrado de Moro e que, a pedido do então juiz e dos procuradores, gravou de forma ilegal diversas autoridades. Em troca destas gravações, Tony Garcia conseguiria benefícios em processos que ele respondia na Justiça Federal.
No vídeo, Tony Garcia relata o histórico de sua prisão, determinada em 2004 pelo então juiz Sérgio Moro, por suposta obstrução de Justiça. Três dias após a prisão, Tony informou que Moro e o Ministério Público Federal demonstraram interesse que ele firmasse um acordo de delação premiada, e que a suspeita era que Garcia seria um "braço direito" de um ex-advogado dele, Antonio Bertholdo, em supostos crimes de compra de decisões judiciais.
"Com o tempo, doutora, eu fui agente infiltrado do Ministério Público. Eu trabalhei por dois anos e meio, diuturnamente, com um agente de inteligência da Polícia Federal, para eu pedir segurança, interceptação de telefones", relata Tony Garcia à juíza Gabriela Hardt. O empresário explica à magistrada que o leque de colaboração que ele prestou ao juiz Sérgio Moro não se restringiu ao escopo da delação premiada.
Como relatou em entrevista exclusiva à TV 247, Tony Garcia conta a Gabriela Hardt como Moro o obrigou a pagar uma multa de R$ 10 milhões numa sentença contra ele por crimes contra o sistema financeiro, que o dinheiro para o pagamento da multa foi obtido por meio da venda de um imóvel para a rede Walmart, e que o excedente do valor da transação foi devolvida por Moro a Garcia. "Doutor Sérgio Moro levantou o arresto de todos os bens, deu como cumprido o acordo e expediu o alvará de devolução de R$ 3 milhões", afirmou Garcia à juíza.
Em resposta às ilegalidades denunciadas por Tony Garcia, a juíza Gabriel Hardt tentou abreviar o relato do empresário e não tomou nenhuma providência após o depoimento com as acusações.
Assista: