Todo mundo pode falar de tudo, menos de juros, diz Lula em discurso ao Conselhão

 

Todo mundo pode falar de tudo, menos de juros, diz Lula em discurso ao Conselhão

Ocorre nesta quinta-feira (4) a primeira reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS) responsável por assessorar o presidente e os ministros na formulação de políticas públicas

Encontro do Conselhão mostra a força do diálogo construtivo, diz Lula | LIVE CNN
04/05/2023 às 12:25 | Atualizado 04/05/2023 às 13:02

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou, nesta quinta-feira (4), dizendo que no Brasil, “todo mundo pode falar de tudo, menos de juros”. Ele estava falando que o consumidor se importa mais com o valor das parcelas de um bem, do que com o valor dos juros, quando emendou: “Não estou dizendo isso, Roberto Campos, porque concordo com você não. Este Conselho pode até discutir taxa de juros se quiser.”

“Como se um homem sozinho pudesse saber mais que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, falou.

A declaração foi dada durante a primeira reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o chamado Conselhão, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

O presidente falou na parte inicial da reunião, que começou por volta das 10h e deve se estender até às 17h, porque embarcará para o Reino Unido, onde se encontrará com o premiê Rishi Sunak e participará da coroação do rei Charles III. 

O presidente destacou, em seu discurso, que o Conselhão “não é apenas um retrato do Brasil que somos, mas também do Brasil que queremos ser. Um Brasil no qual o diálogo e a busca de consenso serão sempre mais fortes que o ódio e as tentativas fracassadas de desunir o país”.

“Um Brasil no qual as decisões mais importantes para o país são tomadas a luz do dia, face a face e olho no olho. Um Brasil acima de tudo democrático”, acrescentou.

“Aqui não é um espaço para as pessoas virem falar bem do governo, nem só para fazer diagnóstico, é um espaço para vocês ajudarem a governar esse país, dizerem como querem que as coisas sejam feitas. Não é um espaço de queixa e reclamação, é um espaço de produção.”

O presidente destacou, ao longo de seu discurso, os desafios representados pela fome, pela desigualdade e pela crise climática. E disse que os debates que ocorrerão naquele espaço ajudarão a construir acordos e consensos em como enfrentar esses desafios.

“Eu estou botando muita expectativa e muita esperança no mundo que vocês podem criar a partir das discussões aqui”, falou. “A verdadeira solidez das políticas públicas vem do fato delas serem consideradas legítimas e necessárias pelos mais amplos setores da nossa sociedade.”

O presidente destacou a importância do Conselhão durante seus dois primeiros mandatos, e acrescentou: “O que for aprovado aqui será levado a sério pelo governo.”

De acordo com comunicado do Palácio do Planalto, o espaço é destinado a “debater agendas e temas de interesse dos mais diversos segmentos da sociedade” e, entre os setores representados, estão “movimentos sociais, setor financeiro, agronegócio e fintechs”.

Criado por lei em 2003, o Conselhão foi extinto em 2019 pelo governo Bolsonaro. Além de elaborar indicações normativas, propostas políticas e acordos de procedimento, a secretaria também irá apreciar propostas de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico-social sustentável, e articular as relações do governo federal com os representantes da sociedade civil.

“É a erosão da política da bolha. É um espaço amplo, com debate, divergência pra gente construir consensos no nosso país”, disse.

Dos 242 convidados, 97 são mulheres, o que representa 40% do total. Na lista, figuram, por exemplo, Luiza Trajano (Magazine Luiza), Ana Paula Vescovi (Banco Santander) e Carla Crippa (Ambev).

Na relação, há 113 empresários, 83 representantes da sociedade civil e 46 integrantes de movimentos sociais e organizações sindicais. O objetivo foi tornar a configuração do colegiado federal mais plural do que em anos anteriores.

O segmento do agronegócio, um dos mais críticos à gestão petista, foi contemplado com onze assentos, incluindo João Martins (CNA), Eraí Maggi (Bom Futuro), Gilberto Tomazoni (JBS) e Rubens Ometto (Cosan).

O governo federal convidou ainda, entre outros, Luiz Trabuco (Bradesco), Eduardo Vassimon (Votorantim), Eduardo Navarro (Vivo), José Felix (Claro) e Fábio Coelho (Google).

A lista incluir representantes da sociedade civil como a apresentadora Bela Gil, o youtuber Felipe Neto, o cineasta Jorge Furtado, o padre Julio Lancellotti e o escritor Gabriel Chalita.

*Publicado por Fernanda Pinotti e Léo Lopes

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