PF vai cruzar dados apreendidos de empresários com os de financiadores de atos de 7 de Setembro

 

Objetivo da Polícia Federal é identificar o caminho do dinheiro do financiamento de atos antidemocráticos

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na orla da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, em 7 de setembro do ano passado
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na orla da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, em 7 de setembro do ano passado Daniel Resende/Enquadrar/Estadão Conteúdo (07/09/2021)

Thais Arbex

24/08/2022 às 15:41 | Atualizado 24/08/2022 às 16:28

Após a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários que, em um grupo de mensagens privadas, teriam defendido um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições em outubro, os investigadores trabalham para iniciar o cruzamento os dados apreendidos com os de financiadores dos atos de 7 de Setembro de 2021, com cunho golpista, e o deste ano.

Segundo relatos à CNN de quem está a par da investigação, o objetivo da Polícia Federal é identificar o caminho do dinheiro do financiamento de atos antidemocráticos —principalmente os realizados no dia em que se comemora a Independência do Brasil— e averiguar se os empresários teriam bancado as manifestações que têm, entre outras bandeiras, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para fazer esse caminho, os peritos da PF pretendem confrontar as mensagens e ligações dos celulares apreendidos e as movimentações bancárias desse grupo de empresários com as informações de financiadores dos atos de Sete de Setembro de 2021 e o deste ano.

Como mostrou o âncora da CNN Daniel Adjuto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação desta terça-feira (23), deve manter todo o processo sob sigilo —tanto o pedido dos investigadores e sua motivação quanto a decisão que deu aval às ações dos policiais– até quando não haja risco de prejuízo à investigação e ao cruzamento de dados.

O feriado de 7 de Setembro deste ano marca os 200 anos da Independência do Brasil. Em declarações públicas recentes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou que planeja transformar as festividades em atos bolsonaristas. O temor é que o mandatário do Palácio do Planalto use o desfile militar para insuflar apoiadores contra o Judiciário e o sistema eleitoral brasileiro.

Uma das linhas de investigação da PF leva em conta justamente esse cenário: a possibilidade de, como em 2021, as comemorações se tornarem palco para a defesa de bandeiras inconstitucionais —e com significativo aporte financeiro.

Nos atos de Sete de Setembro do ano passado, o presidente Bolsonaro fez ameaças golpistas ao STF e atacou ministros da corte. Em discurso na avenida Paulista, em São Paulo, o presidente exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência da República

“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, afirmou no ano passado.

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