Deu Lula na semana do JN
– O Bastidor
A rodada de entrevistas dos candidatos à Presidência ao Jornal Nacional foi favorável ao ex-presidente Lula.
Com a falta de debates, a entrevista para o Jornal Nacional é a única oportunidade de os candidatos a Presidente serem questionados como deveriam e de falarem o que quiserem para cerca de 40 milhões de pessoas.
É uma chance única.
Lula aproveitou a sua, Bolsonaro não.
O presidente não conseguiu falar de temas capazes de conquistar eleitores indecisos ou que não gostam dele, não conseguiu “sair da sua bolha”.
Lula usou seu carisma e experiência e fez da entrevista uma peça de campanha, na qual acenou a eleitores de centro, a jovens e aos de Ciro Gomes.
Nesta sexta-feira, os reflexos da entrevista foram sentidos.
Bolsonaro foi a São Paulo para um encontro com empresários.
Em seu discurso, o presidente abusou dos palavrões: reclamou que ser presidente é uma “merda”, falou sobre o “perigo” da volta da esquerda ao poder e que é perseguido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sem citar seu nome.
É o comportamento típico de Bolsonaro quando a situação é desfavorável.
Nas redes sociais, o perfil de Bolsonaro, tocado por seu filho, Carlos, criticou o Jornal Nacional por supostamente ter sido cordial com Lula na entrevista, em comparação com o tratamento dado ao presidente.
É uma postagem praticamente obrigatória: diante do melhor desempenho de Lula, a crítica à TV Globo era o caminho óbvio diante da péssima relação de Bolsonaro com a imprensa e com a empresa em especial.
Lula e Bolsonaro não dizem se irão ao debate de domingo, realizado pela TV Band e um pool de veículos.
Será um jogo de blefes, em que um aguardará o movimento do outro.
É fato que, na ausência de um, o outro será alvo dos demais candidatos; só que poderá acusar o outro de covardia.
Debates com vários candidatos não produzem um efeito radical nas pesquisas.
Este cálculo está sendo feito pelos dois lados.
