Josias de Souza -

Arma-se às vésperas do Dia da Pátria um temporal parecido com o que eletrificou o 7 de Setembro do ano passado. Enquanto Bolsonaro simula interesse por uma hipotética pacificação com Alexandre de Moraes, o pastor bolsonarista Silas Malafaia dispara relâmpagos e raios que o partam sobre a calva do presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Malafaia fornece ao bolsonarismo os mesmos serviços que foram prestados por personagens como Marcos Antonio Pereira Gomes, o Zé Trovão. A diferença é que o provocador de 2021 era um caminhoneiro contestado pela categoria. Malafaia introduz na equação o fator evangélico.

Para desligar Zé Trovão da tomada, Moraes decretou sua prisão. O arruaceiro fugiu para o México, entregando-se à polícia em Santa Catarina no mês seguinte. Ao tachar Moraes de "aberração", "desgraçado que rasga a Constituição", encostando as decisões do ministro no "nazismo" e no "fascismo", Malafaia convida Moraes expedir contra ele uma ordem de prisão.

Se aceitar a provocação, Moraes oferecerá a Bolsonaro material para repetir na orla de Copacabana o comício que fez no ano passado na Avenida Paulista. Ignorando a fala insultuosa, o ministro flertará com a desmoralização. Em qualquer hipótese, arma-se para 7 de Setembro um festival antidemocrático de contestação às urnas e à Justiça Eleitoral. O bolsonarismo, como se vê, não é coisa para amadores.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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