Como Putin usa as ogivas nucleares da Rússia para amedrontar o Ocidente

 Brenno Grillo

Publicada em 01/03/2022 às 19:00 


Vladimir Putin está indo com tudo o que tem para destruir a Ucrânia; usa até de mentiras descaradas sem ruborizar. O líder russo faz isso porque sabe do medo que ele e suas ogivas provocam no Ocidente. O “plebiscito” bielorrusso que permitiu a instalação de armas nucleares no país também contribui para esse temor - mísseis ficarão ainda mais próximos das potências europeias.

As respostas dadas até agora pelo Ocidente só reforçam a certeza de Putin de que somente sanções econômicas serão aplicadas - o líder russo desdenhou do que foi feito até agora, dizendo que não afetará a economia da Rússia. E as promessas de que a Ucrânia ingressaria na Otan e na União Europeia (dois dos principais motivos usados para justificar a invasão) foram suspensas assim que os russos deram o primeiro tiro.

A tramitação do pedido ucraniano junto ao bloco europeu só foi aceita depois que Volodymyr Zelensky cobrou inúmeras vezes. Logo no segundo dia da invasão, o presidente da Ucrânia publicou um vídeo no qual exigia ajuda europeia, sob o risco de ser assassinado. Disse em suas redes sociais que ele e sua família são os alvos número 1 e 2 do governo russo - segundo o governo ucraniano, 400 mercenários desembarcaram na Ucrânia (alguns vindos da África) com ordens de matar o presidente da Ucrânia.

Sobram nos discursos de líderes ocidentais e ucranianos afirmações sobre a união contra a invasão e de que o suporte (financeiro e militar) enviado até agora é suficiente. Zelensky até foi aplaudido efusivamente pelo parlamento europeu. Tudo cena. Nem uma doação de 70 caças da era soviética é consenso; a promessa de Polônia, Bulgária e Eslováquia à Ucrânia foi desmentida horas depois sob o argumento de interferência direta da Otan no conflito - mesmo motivo usado pelos EUA para negar a imposição do espaço de exclusão aérea sobre o território ucraniano.


Enquanto isso, Estônia, Letônia e Polônia (vizinhas da invasão) estão atentas às pretensões de Putin. E a Otan, além de destinar mais tropas aos seus aliados no Leste europeu, já deixou sua força de resposta rápida em alerta - também pudera, o pensador favorito de Putin, Alexander Dugin, é contra a existência desses e outros estados da região.


Em meio à discussão sobre medidas mais duras contra a Rússia, Boris Johnson foi confrontado hoje por uma ucraniana sobre o apoio dado até agora pela Europa: "A Otan não está disposta a defender [a Ucrânia] porque teme uma guerra mundial, mas ela já está acontecendo e são crianças ucranianas que a estão enfrentando [...] Você fala de mais sanções, mas Roman Abramovich [aliado russo de Putin e dono do Chelsea] não foi sancionado. Ele está em Londres, seus filhos não estão nos bombardeios, estão em Londres”.


Desconcertado, agradeceu pela pergunta e respondeu dizendo que limitar o espaço aéreo da Ucrânia faria com que aviões britânicos “entrassem em combate” com a Rússia. “Isso não é algo que possamos fazer [...] As consequências disso seriam muito difíceis de controlar”,

 complementou. 

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