500 mil mortos: o Brasil vai acordar?
Jair Bolsonaro promove o caos no País.
Não há dia sem que ele não faça alguma ação que leva à desorganização de alguma peça na estrutura do Estado ou na relação entre os Poderes ou, ainda, jogando incerteza na população.
É um bombardeio ininterrupto desde o início do seu desgoverno e que se acentuou com a pandemia.
A tensão passou a fazer parte do nosso dia a dia, como se fosse algo natural, e não uma ação planejada de uma mente doentia.
O Brasil está chegando ao limite da tolerância.
Como não temos uma tradição histórica de enfrentamento político, há uma tendência de suportar o insuportável.
Sempre é encontrada alguma justificativa para explicar uma situação inexplicável.
Diferentemente de outras crises, a de 2020-2021 (2022 também?) tem um componente adicional – e que componente! -, a pandemia do coronavírus.
É o teste definitivo da paciência do cidadão, algo para entrar na galeria da tipologia da definição do que é ser brasileiro.
Em alguns momentos da história do Brasil, a passividade foi atribuída às benesses econômicas.
O bolso com algum dinheiro justificava o desinteresse pela política.
Em outras, era imputada à nossa formação histórica e a “culpa” era atribuída à herança ibérica.
Também, na busca incessante de explicação, o ufanismo sistematizado pelo Conde de Afonso Celso identificava na fusão das raças a nossa peculiar formação.
A tensão passou a fazer parte do nosso dia a dia, como se fosse algo natural, e não uma ação planejada de uma mente doentia
Temos uma enorme dificuldade de entender (e ter) o sentimento de coletividade.
Pode ser que o temor de ruptura e a busca de conciliação em momento de crise política tenham levado à constituição de uma sociedade civil peculiar.
Como tudo pode ser acordado, não há necessidade da afirmação de eventuais antagonismos, que poderiam conduzir a uma formação social que tivesse em diferentes visões de mundo pontos de explicação (e não de justificação para a inércia política) e de ações na construção da cidadania.
Em diversos momentos da nossa história isto foi relevado a plano secundário.
Foi possível – a um alto custo para a consolidação da democracia – buscar uma saída indolor, que preservasse na nova situação boa parte da antiga ordem.
E a vida seguia.
Agora vivemos uma situação agônica.
Não é possível encontrar uma alternativa conciliatória.
Jair Bolsonaro levou ao limite do esgarçamento institucional e, principalmente, da paciência nacional.
Meio milhão de mortos deve fazer o Brasil acordar.
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