Techs brasileiras se descolam do Ibovespa em queda e sobem mais de 60% no ano

Marcelo Sakate, do CNN Brasil Business, em São Paulo

20 de agosto de 2020
Executivos e acionistas da Locaweb na estreia na B3 em fevereiro de 2020

Executivos e acionistas da Locaweb na estreia na B3 em fevereiro de 2020: valorização de 229% das ações

Foto: Divulgação

Amazon, Apple, Alphabet (Google) e Facebook. As big techs americanas caíram nas graças dos investidores brasileiros, como atestam os números de negociação crescente das BDRs dessas empresas na B3 (os Brazilian Depositary Receipts são certificados que representam ações negociadas outros países). 

É uma preferência que agora começa a ser dedicada às techs brasileiras.

A valorização das ações das techs do país supera 60% neste ano, a despeito da pandemia. 

É um desempenho positivo que contrasta com a queda de 12% do Ibovespa no período.  

É o que revela um índice elaborado pela gestora Brasil Capital com empresas brasileiras de tecnologia, ponderado pelo valor de mercado de cada uma: o índice acumulava valorização de 61,1% em 2020 até a última quarta-feira (12), enquanto o Ibovespa ainda tinha queda de 11,7% no intervalo.

É uma valorização proporcionada pelo investidor em cima de resultados concretos apresentados na pandemia, com crescimento na casa de dois dígitos, enquanto empresas de diferentes setores não tão digitalizados observaram as receitas encolherem e lucros se transformarem em perdas.

No Magazine Luiza, as vendas totais cresceram 50% no segundo trimestre na comparação anual, mesmo com as lojas de rua e shopping fechadas na maior parte do tempo, graças ao fato de que as vendas online praticamente triplicaram. Não por acaso, as ações subiram 88% desde o início do ano. 

"A digitalização está acontecendo na sociedade como um todo. Mas existem empresas que inovam e criam tecnologia como grande diferencial para os seus negócios, enquanto outras dependem da tecnologia para sobreviver", explica Christian Klotz, sócio da Brasil Capital.

Esse critério fundamental foi utilizado pela gestora para decidir quais empresas deveriam compor o Índice Brasil Tech (nome fantasia dado pelo CNN Brasil Business).

Fazem parte companhias de tecnologia da informação (TI) que vendem soluções como softwares e sistemas, caso de Totvs, Locaweb, Sinqia e Linx; e outras cujo modelo de negócios se alimenta de plataformas online, como a originalmente varejista, mas cada vez mais tecnológica, Magazine Luiza, e de meios de pagamento que já nasceram digitais, como Stone e PagSeguro.

A lista inclui outras companhias listadas na Nasdaq, como XP Inc., Arco Educação e até o Mercado Livre, que, embora argentina, tem cerca de 60% do resultado originado no Brasil.

Totvs (+31% nas ações) e Locaweb (+229%), que estão entre as principais companhias de tecnologia, acumulam altas expressivas em 2020. A pandemia serviu como um fator de impulso para os negócios, na medida em que empresas passaram a demandar suas soluções de digitalização.

É tamanho crescimento que desperta o apetite de concorrentes interessados em ganhos com a sinergia ou a complementaridade dos negócios. É o pano de fundo por trás da ruidosa disputa bilionária envolvendo a Linx, uma empresa de software de gestão que é uma das maiores do país na área. A Stone e a Totvs travam uma disputa que, por enquanto, tem ofertas na casa de R$ 6 bilhões.

Fundos dedicados

De olho no interesse crescente, a gestora -- e agora corretora -- Vitreo lançou há pouco mais de dois meses um fundo de investimento em ações de grandes empresas americanas de tecnologia, o que inclui as big techs citadas no início do texto, além de Microsoft, Netflix e outras. 

A receptividade de investidores foi considerada tão positiva -- o patrimônio liquido chega a R$ 135 milhões -- que a Vitreo decidiu lançar há um mês um fundo dedicado às techs brasileiras.

São alternativas que preenchem uma lacuna no mercado financeiro brasileiro. Não há nenhum Exchange Traded Fund (ETF) que replique uma carteira de ações de empresas de tecnologia, enquanto nos Estados Unidos são mais de 80. O maior deles, o Invesco QQQ ETF, que segue a performance do Nasdaq 100, da bolsa americana de empresas de tecnologia, tem cerca de US$ 90 bilhões sob gestão.

Mas, ainda que as alternativas no país sejam limitadas, é um caminho sem volta, dizem especialistas. Para George Wachsmann, sócio e executivo-chefe de investimentos (CIO) da Vitreo, a digitalização assumiu um papel tão presente na vida das pessoas que hoje facilita a compreensão do que significa investir em companhias de tecnologia. "O assunto está mais explícito. As pessoas já entendem por que vendas no varejo físico sofrem, enquanto o e-commerce cresce", exemplifica.  

Wachsmann aponta semelhanças de empresas que fazem uso intenso de tecnologia com aquelas que atendem aos requisitos conhecidos como ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). São companhias que apresentam melhor performance na bolsa em linha com a preocupação crescente de investidores com a sustentabilidade dos negócios em que colocam seus recursos.

Uma das razões é que são empresas cujos modelos de negócios dispensam fábricas que possuem impacto maior no meio ambiente ou que já abraçam bandeiras como a da diversidade, o que acaba sendo reconhecido por investidores em momentos de maior preocupação com os temas. 

https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/08/20/techs-brasileiras-se-descolam-do-ibovespa-em-queda-e-sobem-mais-de-60-no-ano

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