Moro nega intenção de influenciar as eleições com delação de Palocci
O juiz federal Sérgio Moro disse que não “inventou” nenhum depoimento e que não houve de sua parte “qualquer intenção de influenciar as eleições gerais de 2018” ao retirar o sigilo de parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci no último dia 1º de outubro. A declaração veio como resposta ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que, a partir de representação do PT, pediu explicações sobre o caso ao magistrado.
Moro afirmou que “não pode interromper os seus trabalhos apenas porque há uma eleição em curso”. Segundo ele, tirar o sigilo de parte da delação era uma medida “necessária pois caso haja condenação terá este Juízo, na sentença, que dimensionar benefícios decorrentes da colaboração para Antônio Palocci Filho”.
O juiz explicou ainda que as peças não foram juntadas anteriormente, porque “apenas em 24 de setembro a autoridade policial peticionou ao Juízo apresentando elementos de corroboração acerca das declarações de Palocci”.
“Então, este julgador aguardou esse momento processual para prevenir que a divulgação prematura do depoimento comprometesse a colheita da prova de corroboração. Apesar do alegado pelos Requerentes, o Partido dos Trabalhadores e os Deputados Federais Paulo Roberto Severo Pimenta, Wadih Damous e Luiz Paulo Teixeira Ferreira, não houve da parte deste juiz qualquer intenção de influenciar as eleições gerais de 2018”, anotou.
“Oportuno lembrar que Antônio Palocci Filho, no depoimento divulgado, reporta-se principalmente a supostos crimes praticados pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que, condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro, não é sequer candidato nas eleições de 2018. Não há no depoimento qualquer referência ao atual candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores”, completou.
Moro também alegou que, se sua intenção fosse influenciar no processo eleitoral, teria divulgado a gravação em vídeo do depoimento, segundo ele “muito mais contundente do que as declarações escritas”. “O fato é que o Juízo não pode interromper os seus trabalhos apenas porque há uma eleição em curso”.
Relembre o caso
Parte da delação de Palocci foi tornada pública por Moro no dia 1º de outubro, poucos dias antes do 1º turno das eleições, nos autos do processo sobre supostas propinas da Odebrecht ao ex-presidente petista. Além de Lula, o ex-ministro incriminou Dilma Rousseff.
Palocci está preso desde setembro de 2016, quando foi pego na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. Moro o condenou em uma primeira ação penal a 12 anos e dois meses de reclusão.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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