Trechos antes inaudíveis mostrarão peso da gravação Joesley-Temer Pouco importa não ter havido edição; aval à compra de silêncio exige prova - KENNEDY ALENCAR

 KENNEDY ALENCAR 
SÃO PAULO
As transcrições de trechos antes inaudíveis na primeira versão divulgada da gravação Joesley-Temer serão decisivos para avaliar o peso dessa prova contra o presidente da República. A perícia da PF (Polícia Federal) atestou que não houve edição na conversa e descobriu novos trechos da gravação.
Na primeira versão, não se sustentou a acusação do empresário Joesley Batista de que o presidente Michel Temer teria dado aval à compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha durante a famosa reunião noturna no Palácio do Jaburu. Agora, será preciso ver se surgirão elementos novos que confirmem essa acusação.
Outro ponto importante da futura denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer é o elo do presidente com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. A relação próxima entre os dois é pública e notória em Brasília.
No entanto, Janot precisa reunir elementos para ligar Temer ao recebimento de uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS que foi carregada às pressas por Rocha Loures em São Paulo _episódio filmado pela PF.
O governo avalia que hoje teria apoio para barrar a denúncia de Janot. Um eventual fatiamento faz parte da estratégia que o Ministério Público pode vir a adotar para desgastar Temer. Esse movimento pode ser eficiente nesse sentido, mas também haveria potencial de gerar reação corporativa da Câmara.
Ou seja, uma avaliação de uso político das denúncias para forçar seguidas votações no Legislativo e causar dano a Temer e aos deputados. Isso poderia gerar maior solidariedade ao presidente. Mas a consistência da denúncia de Janot será fundamental para medir o grau de resistência do governo e o nível de apoio dos deputados.
A decisão do presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), de arquivar o pedido de cassação de mandato do senador Aécio Neves (MG) tem tudo a ver com a decisão do PSDB de manter apoio ao governo Temer. PMDB e PSDB têm destinos entrelaçados. Falta autoridade moral aos tucanos para usar um discurso ético a fim de desembarcar do governo. E a salvação de Aécio, acordada com o PMDB, traz dano político ao PSDB.
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