Pesquisa mostra que jovens empreendedores são os mais realizados Estudo da Firjan também revelou que, mesmo com a crise econômica, dois em cada três jovens brasileiros querem ter seu próprio negócio. A principal motivação é a realização pessoal.
Por Bárbara Souza (barbara.souza@cbn.com.br)
Os jovens que empreendem se sentem mais
realizados.
É o que mostra um estudo da Federação das Indústrias do Rio:
quase 50% dos jovens que abriram o próprio negócio dizem ter atingido a
realização pessoal, contra 24% dos que não se arriscaram num
empreendimento.
A pesquisa também aponta que a busca pela satisfação
pessoal é a principal motivação desses empreendedores.
Bárbara Fernandes, uma das sócias da
confeitaria Desembrulhe, sonhava desde criança em vender bolos e doces.
Quando uma amiga que estava desempregada entrou nessa área, ela, que já
tinha um emprego, pediu para participar.
'Achei meio louco, começar o próprio
negócio. Começou devagar, a gente fez muita coisa de graça ou pelo preço
de custo. Até a gente criar um nome foi complicado, demorou.'
A pesquisa da Firjan também mostra que,
mesmo com a crise econômica, dois em cada três jovens brasileiros querem
ter seu próprio negócio. Enquanto isso, nas capitais da Alemanha e da
Espanha, apenas um terço deles pretende empreender.
Foram ouvidas 5,6 mil pessoas, de 25 a
35 anos, no Brasil e em outros sete países. Ligeiramente mais jovem do
que esse público, Sarah Fonseca, de 22 anos, já tem sua empresa.
Ela é
fundadora da loja virtual de bijuterias Sr Biju, que criou há quatro
anos, enquanto estudava administração.
Sarah decidiu empreender quando pegou
sua última renda de um trabalho temporário, R$ 300, e investiu nas
peças. No início, ela entregava os pedidos pessoalmente às clientes.
Nos
primeiros cinco dias, vendeu R$ 700.
A demanda aumentou e, agora, ela é uma
microempreededora individual.
Como ainda não consegue se manter apenas
com as vendas, Sarah faz como a metade dos jovens empreendedores e se
divide entre seu sonho e um emprego formal.
'Eu trabalho com impostos numa
multinacional, tenho muita resonsabilidade e faço horas extras. Tenho
que ficar me dividindo para atender todos os clientes da melhor forma
possível.
Tem dia que chego do trabalho, vou preparar os produtos e só
durmo depois de meia noite.'
Sarah Fonseca, de 23 anos, é empresária do ramo de acessórios há quatro anos
Quem também concilia outros trabalhos
com a vontade de empreender são as oitenta e oito consultoras da marca
da empresária Lívia Ressiguier. Aos 37 anos, ela é dona da Berdini,
também do ramo de acessórios.
Essa é a segunda empresa aberta por
Lívia, o que a coloca no pequeno grupo de 15,5% dos jovens
empreendedores que já tiveram mais de uma experiência à frente do
próprio negócio. Aos 27 anos, a empresária já empreendia, mas também
trabalhava na área de saúde. Hoje, ela não precisa mais ter outro
emprego.
'Você tem um sonho, uma paixão e aí tem
que transformar isso tudo num negócio. É preciso se perguntar em que
área você quer empreender, qual o público alvo e o que quer de retorno.'
Sarah, Lívia e Bárbara fazem parte do
grupo de 81% dos jovens que iniciaram seu próprio negócio do zero, ou
seja, sem terem herdado ou comprado uma empresa.
Para o gerente de
Pesquisa e Estatística da Firjan, Cesar Bedran, esse resultado contradiz
o senso comum e revela que a iniciativa independente pode dar certo,
principalmente se houver alguma orientação profissional.
'As pessoas acham que o empreendedor herda o seu negócio. Mas na verdade não, a maioria começa seu próprio negócio.'
Bedran também ressaltou que a crise
econômica não é determinante na decisão do jovem de abrir sua própria
empresa. No entanto, além de metade dos jovens empreendedores se manter
em outro emprego para diminuir os riscos, 67% dos que não empreendem
dizem que o cenário econômico do Brasil não é propício.
Por isso, o especialista da Firjan acredita que o momento de crise é um limitador, mas não um impeditivo para os investimentos.