JORNALÃO ESMAGA BOLSONARO DE VEZ! FLÁVIO: "MEU IRMÃO É MALUCO"!

O Brasil ganha quando o

bolsonarismo perde!

EDITORIAL DO ESTADÃO -

Não estão sendo dias fáceis para Bolsonaro e sua grei, após uma série de reveses políticos e judiciais. É possível que o bolsonarismo se recupere, mas, enquanto isso, o País respira melhor O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu fiel amigo blogueiro, Paulo Figueiredo, e outros empedernidos soldados bolsonaristas até que tentaram disfarçar o desconforto e entoar uma mensagem triunfante, mas os últimos dias sacramentaram uma tendência inquestionável: a sucessão de derrotas políticas deixou o bolsonarismo ainda mais enfraquecido e isolado.

Pode-se atribuir seus reveses a uma suposta perseguição política do Judiciário, a uma eventual traição do Centrão, ao nono círculo do inferno de Dante, a uma maré de azar ou aos efeitos tardios do Mercúrio retrógrado passado, mas nada disso esconde o essencial, isto é, está-se diante de uma espiral descendente que atormenta o bolsonarismo. E quando este perde, é o Brasil que ganha. A malaise bolsonarista chegou ao ápice na Assembleia-Geral da ONU, onde Donald Trump fez a inesperada declaração sobre a “excelente química” que sentiu nos poucos segundos de conversa que teve com o presidente Lula da Silva.

Trump não só mencionou o demiurgo petista de forma positiva, depois de jamais citá-lo em declarações anteriores, como anunciou um encontro entre os dois e nem sequer citou o nome de Jair Bolsonaro. Pode não dar em nada, mas o gesto já é o suficiente para promover algo impensável até aqui – um canal de diálogo e negociação entre os dois mandatários.

É tudo o que os Bolsonaros mais abominam, já que, dispostos a tudo em nome dos interesses do mito fundador do bolsonarismo, usaram seus contatos no governo americano para chantagear o Brasil e suas instituições. Mas houve mais. As mais recentes manifestações de rua, por exemplo, mostraram o tamanho da insatisfação dos brasileiros contra a blindagem de parlamentares ante investigações criminais e a concessão de anistia “ampla, geral e irrestrita” a Jair Bolsonaro e outros golpistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Se é um erro reduzir os protestos a um triunfo da esquerda, também é um erro negar que o número de manifestantes em todas as capitais no fundo mostrou que Bolsonaro não é mais senhor das ruas. A eloquência da reação popular arrefeceu ainda mais o entusiasmo do Congresso para a anistia – uma agenda que já deveria estar sepultada – e para proteger a si mesmo. Além disso, a Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado Eduardo Bolsonaro por “coação” na Ação Penal 2.668, que julga a trama golpista; o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou a tentativa do PL de blindar o filho “Zero Três” das ausências às sessões da Casa, um dos caminhos possíveis para cassar-lhe o mandato; o Conselho de Ética da Câmara instaurou processo que pede a sua cassação por agir contra os interesses brasileiros, trabalhar a favor de sanções dos EUA a autoridades brasileiras, atacar o STF e incitar a ruptura democrática; e partidos do Centrão vêm fazendo acenos a uma candidatura à Presidência que não leve o sobrenome Bolsonaro. O infortúnio parece evidente e não é fruto apenas das circunstâncias externas.

É resultado sobretudo dos próprios erros e da fadiga nacional com esses inconformados com a democracia. Recorde-se que Bolsonaro se elegeu num tsunami conservador e antissistema.

Entre outras bandeiras, propunha o amor à Pátria contra a ordem globalista que violava a soberania nacional e a rejeição à velha política, vista como corrupta.

Acreditou quem quis. Em sua cruzada, trabalhou para minar a Justiça Eleitoral, sucumbiu à velha política, atacou a democracia, tentou dar o golpe e foi vencido, limitado pelos diques de contenção das instituições democráticas.

A partir daí, o bolsonarismo se restringiu a uma pauta única: livrar o seu principal líder do julgamento e da cadeia. Nada mais lhe importa – nem mesmo a Pátria. Ainda é válida a velha máxima cunhada pelo ex-governador mineiro Magalhães Pinto, segundo a qual política é como nuvem: você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou. Não está escrito nas estrelas, portanto, nem que o calvário bolsonarista prosseguirá nem que seus métodos conseguirão seduzir alguém fora do mais restrito grupo de liberticidas inconsequentes.

Mas considerando a atual direção e ritmo dos ventos, o Brasil pode começar a vislumbrar como real a chance de se ver livre dessa força política reacionária e destrutiva que tanto mal vem fazendo ao País.

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