Fávaro anuncia R$ 516,2 bilhões no Plano Safra 2025/26 e critica juros altos
Fávaro anuncia R$ 516,2 bilhões no Plano Safra 2025/26 e critica juros altos
Ministro aponta Selic como entrave ao crédito, mas destaca esforço do governo Lula para viabilizar programa com volume recorde pelo terceiro ano seguido
01 de julho de 2025, 12:55 h247 - O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta terça-feira (1º) que o Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026 contará com R$ 516,2 bilhões em crédito voltado para médios e grandes produtores rurais. O anúncio foi feito durante cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O volume representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior, o que equivale a uma elevação de 1,5%. O ministro ressaltou que, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, o governo conseguiu manter a trajetória de expansão dos recursos. “Estamos priorizando o custeio e a comercialização, atendendo ao pedido das entidades, para priorizar o custeio”, declarou Fávaro, de acordo com o Globo Rural.
Durante o evento, o ministro voltou a criticar a taxa básica de juros. “Confesso que achava muito difícil conseguir fazer esse Plano Safra recorde. Com Selic de 15% ao ano, e com todo respeito ao [Gabriel] Galípolo e à equipe do Banco Central, não consigo entender. Temos inflação controlada, gastos públicos completamente controlados ao contrário de fake news, com crescimento da economia, renda da população crescendo, desemprego caindo, e a Selic de 15%”, afirmou.
Fávaro destacou que o governo teve de fazer um “desafio gigante” para manter a atratividade do programa. “O presidente Lula determinou o esforço orçamentário para chegar a um Plano Safra tão impactante”, disse. Ele apontou que a alta da Selic prejudica a geração de funding para o setor agropecuário: “A poupança rural não é mais atrativa. Temos dificuldade de captar recursos para fazer o Plano Safra”.
Os juros cobrados nas linhas de crédito subirão entre 1,5 e 2 pontos percentuais. Para médios produtores, a taxa de custeio será de 10% ao ano, enquanto para grandes produtores chegará a 14%. As linhas de investimento terão alíquotas variando entre 8,5% e 13,5%.
Apesar da elevação, Fávaro argumenta que houve empenho do governo para evitar aumentos ainda maiores. “Foi um desafio gigante fazer esse Plano Safra, com esforço do Ministério da Fazenda. O governo absorveu a alta da Selic com equalização. Além de ser um Plano recorde, ele é estimulante. Ninguém gosta de pagar juro alto, e é indicador de recessão, mas estamos conseguindo superar esse desafio”, afirmou.
No setor financeiro, a avaliação é de que os custos elevados tendem a reduzir a busca por crédito para investimentos e aumentar a inadimplência. Grandes bancos já registram aumento de atrasos nas carteiras do agro, com inadimplência se aproximando de 2% a 3%.
Fávaro também defendeu o avanço nas políticas de incentivo a práticas sustentáveis. Propôs que o desconto de 0,5 ponto percentual nos juros de custeio — atualmente vinculado à aprovação no Cadastro Ambiental Rural (CAR) — seja estendido a produtores que utilizem bioinsumos e técnicas de conservação do solo. “Quem usa bioinsumos tem que ser reconhecido e ter desconto na taxa de juros, quem faz conservação de solo também”, afirmou.
O ministro sugeriu ainda que parte dos recursos a serem captados pelo leilão do programa Ecoinvest — voltado à atração de capital estrangeiro para blended finance — seja destinada à recuperação dos solos no Rio Grande do Sul. Ele citou o programa 365 da Embrapa como modelo de estímulo à cobertura vegetal contínua.
“O programa 365 trata da conservação do solo para suportar momentos de veranico. O Ecoinvest deve destinar recursos para produtores gaúchos fazerem a recuperação de solos”, disse. A expectativa do governo é captar até US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 12 bilhões) por meio do Ecoinvest. O leilão ficará aberto até 21 de julho.
Este será o terceiro ano em que o Plano Safra disponibilizará R$ 7 bilhões por meio da linha de crédito RenovAgro, voltada à recuperação de pastagens degradadas. Segundo Fávaro, os financiamentos têm “as menores taxas de juros” e contribuem para modernizar o campo e preservar os biomas. “Já foram recuperados 3 milhões de hectares com os recursos do Plano Safra. Vamos chegar até os 40 milhões de hectares, estimulando, fazendo a economia crescer e preservando o meio ambiente”, afirmou.
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