Golpe agora é contra o Salário Mínimo! leosakamoto


Tenho um arrepio na espinha quando vejo economistas com pedigree, nobres deputados e senadores e cidadãos criados no leite de pera virem a público para dizer que, neste momento, sacrifícios precisam ser feitos para evitar que o Brasil quebre. Mas empurram apenas a xepa para ser imolada no altar do que chamam bom senso. E se alguém lembra “e os ricos?” é chamado de burro.
Daí vem uma enxurrada de ideias que começam com o fim do aumento real do salário mínimo, passam por mudanças no investimento constitucional em educação e saúde que beneficia o povaréu até a desvinculação dos benefícios previdenciários e assistenciais desse mínimo - porque, como sabemos, quando envelhecemos, aprendemos a realizar fotossíntese e dinheiro é acessório.

Constrói-se, aos poucos, e silenciosamente, a ideia de que o Brasil não aguenta pagar o mínimo para garantir uma vida digna a quem não está na ativa e aposentado. Lembrando que hoje ele está em R$ 1.518, bem longe dos R$ 7.528,56, calculados mensalmente pelo Dieese, a fim de cumprir o mínimo constitucional e garantir vida digna a uma família.

Viver uma democracia não é apenas ter liberdade para investir e ganhar dinheiro, mas também dividir as responsabilidades nos momentos de dificuldade. Direitos e deveres vêm de mãos dadas na Constituição. Mas a democratização do chicote provoca pavor em muita gente do andar de cima e naqueles que defendem os mais ricos mesmo não tendo aonde cair morto.

Por exemplo, taxando quem ganha mais de um milhão por ano via dividendos de empresas e paga menos imposto que alguém que recebe três salários mínimos por mês. Limitando os privilégios de servidores dos Três Poderes, principalmente do Poder Judiciário, que dão um jeitinho de ganhar bem mais que o teto do funcionalismo. E escrutinando benefícios e renúncias fiscais que formam um bolo de R$ 800 bilhões, cinco vezes o Bolsa Família.

Enquanto isso, trata-se bom senso como tirar do andar de baixo e preservar o de cima. A tentativa de golpe de Bolsonaro foi mais escancarada, o que não significa que seja a única que temos visto por aí (íntegra no UOL)

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