Veja como aparecem os filhos de Jair Bolsonaro na investigação da Abin paralela

 


Veja como aparecem os filhos de Jair Bolsonaro na investigação da Abin paralela

Relatório da PF detalha como Carlos, Flávio e Jair Renan foram beneficiados por ações clandestinas da Abin
19/06/2025 | 09h21 

Por Cleber Lourenço

O relatório final da Polícia Federal no inquérito 2023.0022161 revela a existência de uma estrutura paralela de inteligência montada no interior da Abin, com operações ilegais voltadas não apenas contra opositores e autoridades de Estado, mas também em defesa de interesses privados do então presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos: Carlos, Flávio e Jair Renan. A investigação conclui que a chamada “Abin paralela” funcionava de forma organizada, com cadeia de comando definida, padrões operacionais e alvos prioritários.

Carlos Bolsonaro: acesso direto a relatórios e coordenação informal

Carlos é o filho mais diretamente implicado. Segundo a PF, “Carlos Nantes Bolsonaro foi destinatário direto dos produtos da estrutura clandestina da Abin, com objetivo de proteção do núcleo familiar e ofensiva a adversários políticos”. Ele mantinha contato com integrantes da estrutura paralela e tinha acesso a relatórios de inteligência produzidos ilegalmente, com uso do sistema FirstMile. A ferramenta, voltada originalmente ao combate ao crime organizado, foi desviada para gerar dossiês contra jornalistas, magistrados, adversários e servidores públicos.

Carlos é descrito como elo estratégico entre o núcleo político e os operadores da desinformação, orientando linhas de ação e campanhas em conjunto com servidores públicos cedidos. Atuava, ainda que informalmente, no direcionamento das ações da rede clandestina.

Flávio Bolsonaro: neutralização de investigações fiscais

A atuação em benefício de Flávio Bolsonaro é citada como um dos eixos da “Abin paralela”. A PF detalha “monitoramento de servidores da Receita Federal com o objetivo de identificar e neutralizar atuações no âmbito da investigação relacionada ao senador Flávio Bolsonaro”. A apuração sobre o esquema das “rachadinhas” levou a estrutura a monitorar servidores da Receita e tentar influenciar órgãos de controle para impedir avanços nas investigações.

As ações incluíam a obtenção de informações internas da Receita, identificação de delatores e a fragilização da legitimidade dos processos em curso. Para a PF, o uso de recursos da Abin nesse contexto representa obstrução de justiça e desvio de finalidade administrativa.

Abin

Jair Renan Bolsonaro: prevenção e proteção antecipada

Com Jair Renan, a atuação teve caráter preventivo. A PF afirma que “a estrutura mobilizou-se para acompanhar investigações e ações administrativas que poderiam impactar Jair Renan Bolsonaro, antecipando medidas para evitar danos”. Houve monitoramento de trâmites envolvendo o Ministério Público, relações empresariais e movimentações financeiras que poderiam afetar sua imagem ou gerar responsabilizações.

A estrutura operava como um sistema de proteção familiar, tratando cada vulnerabilidade como assunto de Estado. Relatórios eram elaborados para antecipar riscos e construir uma estratégia de defesa para o filho mais novo do ex-presidente.

Abin: desvio de finalidade e captura de instituições

O conjunto das ações em favor dos três filhos de Bolsonaro configura um padrão de desvio sistêmico de função pública. O uso da Abin e de tecnologias de inteligência para finalidades pessoais viola os princípios da legalidade e impessoalidade, e é apontado pela PF como parte da captura institucional promovida pelo entorno de Bolsonaro.

A investigação conclui que a estrutura clandestina representava um dos núcleos da erosão institucional que culminou na tentativa de ruptura da ordem democrática. A proteção aos filhos do presidente, embora não constitua crime isolado, integra um esquema de instrumentalização do Estado para fins privados, com efeitos profundos sobre a governança e a legitimidade das instituições. 

https://iclnoticias.com.br/filhos-bolsonaro-na-investigacao-abin-paralela/

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