MAIS MENTIRAS
Eduardo e Jair Bolsonaro espalham fake news sobre urânio brasileiro e o Irã
Habituados a mentir de forma sistemática, o líder da extrema direita brasileira e o rebento que foi morar nos EUA disseminam uma história totalmente mentirosa e sem nexo. Entenda
Por Tania Malheiros
Escrito POLÍTICA 17/6/2025 · 16:47 hs
Nesta terça-feira (17), nas redes sociais, diante da guerra Israel e Irã, Eduardo (PL-SP) e Jair Bolsonaro (PL) espalham fake news usando uma notícia antiga sobre o sumiço de ampolas com urânio enriquecido da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizada em Resende (RJ), indicando que tal fato teria ocorrido para beneficiar o Irã.
As ampolas sumiram da Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), da INB, conforme o BLOG Tania Malheiros noticiou com exclusividade no dia 16 de agosto de 2023.
Bolsonaro e seu filho se aproveitam da guerra no Oriente Médio para lançar suspeitas sobre o governo brasileiro do presidente Lula (PT).
A Agência Internacional de Energia atômica (AIEA) nunca prestou informação sobre o desaparecimento das duas ampolas, que pertenciam ao lote testemunho da 15ª recarga da usina nuclear Angra 2, com 8 gramas de urânio enriquecido a 4,25% em cada unidade.
Segundo a própria Agência, o Irã enriquece urânio a 60%.
“Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros”, informou à época do sumiço a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O desaparecimento ocorreu há quase dois anos, mas a INB não comunicou a CNEN, que teria descoberto o fato através de um inspetor residente da Comissão, da área de salvaguardas nucleares. A CNEN classificou o sumiço como "extravio", e nada mais informou a respeito. Na época, a Polícia Federal arrolou 20 funcionários da INB, que já estava sob a direção de Adauto Seixas, conforme ampla divulgação da imprensa, indicado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A AIEA nunca se manifestou publicamente sobre o caso, embora uma de suas missões seja a de fiscalizar unidades que operam com enriquecimento de urânio. A PF também não divulgou se desvendou ou não sumiço as ampolas, muito menos a CNEN. A AIEA tem sede em Viena, na Áustria, e foi fundada sob forte influência dos EUA, para salvaguardar e controlar as atividades nucleares mundiais. O estatuto da AIEA foi assinado em Nova York em 26 de outubro de 1956. O Brasil e signatário da AIEA desde a sus acuação.
Outra entidade que também poderia contribuir com informações esclarecedoras de casos como este é a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), que fica no Rio de janeiro, e criada em 18 de julho de 1991 pelo acordo entre Brasil e Argentina para uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear.
Nota da CNEN na época
“Durante o mês de julho, a Indústrias Nucleares do Brasil INB realizou a transferência interna de ampolas do tipo P10 entre áreas de armazenamento na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ). Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros.
Após a atividade de transferência o inspetor residente da DRS\CNEN, da área de salvaguardas nucleares, foi realizada a verificação de contabilidade e controle das ampolas P10 transferidas e identificou a ausência de duas unidades, pertencentes ao lote testemunho da 15° Recarga de Angra II, com 8 g de urânio enriquecido a 4,25% em cada ampola. Houve uma segunda contagem que confirmou a ocorrência observada anteriormente e somente após essa recontagem, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) oficializou o extravio das ampolas junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear.
A DRS\CNEN solicitou esclarecimentos e a apresentação de um plano de ação pela INB. As ações da INB foram e permanecem sendo acompanhadas pela CNEN. Inclusive foi realizada pela empresa uma terceira contagem, com a confirmação da ocorrência observada anteriormente.
Ao esgotar as ações internas de buscas no interior das áreas supervisionadas e controladas, escritórios e, principalmente, no trajeto percorrido para transferência dos recipientes, além de outras áreas da Unidade, a INB comunicou o ocorrido ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) e à Polícia Federal.
Conforme informado anteriormente, cabe ressaltar que cada ampola possui 8 g de hexafluoreto de urânio enriquecido a 4,25%. A natureza e quantidade de material presente nas ampolas permitem afirmar que a liberação do conteúdo não acarreta danos radiológicos à saúde de um indivíduo. No entanto, cabe informar a possibilidade de risco químico associado à natureza tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados.”
De Salvador para a Rússia
Numa área de 1.700 hectares, localizada em uma província onde estão identificados 17 depósitos minerais, a INB mantém a Unidade de Concentração de Urânio (URA), em Caetité, na Bahia. Na URA está implantada a única mineração de urânio em atividade no país. Nela são realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake.
Este material beneficiado há cerca de cinco anos seguia para a URENCO (consórcio de empresas formado pela Inglaterra, Holanda e Alemanha) para ser enriquecido. Mas, desde então, o yellowcake segue para a Internexco GmbH, do grupo Rosatom, da Rússia, que realiza o enriquecimento. Enriquecido, ele volta ao Brasil, pelo Porto do Rio de Janeiro, rumo à INB, em Resende, onde é transformado em pastilhas, para depois, em varetas, seguir para a central Nuclear de Angra a fim de alimentar os reatores de Angra 1 e angra 2.
https://revistaforum.com.br/politica/2025/6/17/eduardo-jair-bolsonaro-espalham-fake-news-sobre-urnio-brasileiro-ir-181690.html