"Ao colocar no ar uma matéria contestando a afirmativa do presidente, foi negado a Lula o direito de resposta", escreve Florestan Fernandes Jr.
A manhã de domingo (15/12) não poderia ser melhor para os democratas do país. Foi emocionante assistir, ao vivo, a alta hospitalar do presidente Lula. Mais impactante ainda foi ver o paciente de 79 anos não apresentar qualquer debilidade motora e de cansaço do período pós-cirúrgico. Nem parecia que o presidente havia passado por uma cirurgia para a reiterada de um hematoma no cérebro, que poderia ter sequelas terríveis.
Com um belo chapéu Panamá na cabeça, cuidadosamente escolhido para preservar as marcas da cirurgia, Lula, ao lado de Janja e dos médicos, concedeu uma democrática entrevista coletiva. Por cerca de 20 minutos, o presidente demostrou em sua fala que a mais importante de suas qualidades estava preservada, a facilidade em expor suas ideias e seus sentimentos.
Durante toda a tarde, trechos da entrevista foram divulgados nas manchetes dos sites e nos posts das redes sociais.
Como não poderia deixar de ser num país que passou pelo trauma de mais uma tentativa de golpe de estado, o trecho com maior impacto foi o da fala de Lula demonstrando indignação com o envolvimento de militares no plano de assassinato dele, de seu vice, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
Sobre a prisão do general Braga Netto, um dos principais artífices do plano de golpe e eliminação dos eleitos para comandar o país, Lula pontuou a necessária paciência com o devido processo legal. O presidente defende que o general tenha resguardado o direito à defesa e à presunção de inocência, direitos dos quais o próprio Lula foi cerceado no processo da Lava Jato. Lula ainda pontuou que uma vez comprovada a participação desses militares na tentativa de golpe, a pena tem que ser dura, severa.
Mas as coisas mudaram. Surpreendentemente, o domingo que começou com a boa notícia da alta hospitalar de Lula, terminou mal para todos que defendem o estado democrático de direito.
À noite, o presidente aparece numa entrevista exclusiva para o Fantástico, na rede Globo, sendo questionado sobre o fato de ele dizer que não teve o direito à presunção de inocência no processo da Lava Jato. Em sua resposta, Lula foi enfático ao confirmar que não teve mesmo o direito ao devido processo legal. A emissora não se deu por vencida e na edição da entrevista colocou um vídeo, narrado pela própria repórter, contestando, não só a fala do entrevistado que ficou um ano e sete meses preso injustamente, como também não permitindo a ele o direito de resposta à matéria editada, veiculada à sua revelia. Nesse caso, vale lembrar que o direito de resposta tem previsão constitucional e é basilar numa democracia. Ao colocar no ar uma matéria contestando a afirmativa do presidente, a Globo, de certa maneira, estava dizendo que o presidente, no mínimo faltou com a verdade.
Além disso, a emissora foi descortês com o presidente da República, que abriu espaço privilegiado para atender o jornalismo da emissora, mesmo estando em convalescência.
Sobre a prisão do general Braga Netto, um dos principais artífices do plano de golpe e eliminação dos eleitos para comandar o país, Lula pontuou a necessária paciência com o devido processo legal. O presidente defende que o general tenha resguardado o direito à defesa e à presunção de inocência, direitos dos quais o próprio Lula foi cerceado no processo da Lava Jato. Lula ainda pontuou que uma vez comprovada a participação desses militares na tentativa de golpe, a pena tem que ser dura, severa.
Mas as coisas mudaram. Surpreendentemente, o domingo que começou com a boa notícia da alta hospitalar de Lula, terminou mal para todos que defendem o estado democrático de direito.
À noite, o presidente aparece numa entrevista exclusiva para o Fantástico, na rede Globo, sendo questionado sobre o fato de ele dizer que não teve o direito à presunção de inocência no processo da Lava Jato. Em sua resposta, Lula foi enfático ao confirmar que não teve mesmo o direito ao devido processo legal. A emissora não se deu por vencida e na edição da entrevista colocou um vídeo, narrado pela própria repórter, contestando, não só a fala do entrevistado que ficou um ano e sete meses preso injustamente, como também não permitindo a ele o direito de resposta à matéria editada, veiculada à sua revelia. Nesse caso, vale lembrar que o direito de resposta tem previsão constitucional e é basilar numa democracia. Ao colocar no ar uma matéria contestando a afirmativa do presidente, a Globo, de certa maneira, estava dizendo que o presidente, no mínimo faltou com a verdade.
Além disso, a emissora foi descortês com o presidente da República, que abriu espaço privilegiado para atender o jornalismo da emissora, mesmo estando em convalescência.
Depois do Mensalão, Petrolão, Lava Jato, ascensão da extrema-direita, tentativa de golpe de estado, não sei quantas vezes Lula ainda terá a sorte se inocular do veneno das ferroadas traiçoeiras. Não dá para apostar contra a natureza da Rede Globo.
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