Emendas: Dino mantém bloqueio e pede mais informações à Câmara

 

Imagem colorida do Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino - Metrópoles


Mateus Salomão

Gabriel Buss

27/12/2024 12:35, atualizado 27/12/2024 13:13


O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve o bloqueio das emendas parlamentares e pediu à Câmara dos Deputados mais explicações sobre o destino dos recursos. A decisão se dá horas depois de a Casa argumentar que a forma de distribuir as emendas recebeu o aval do governo Lula e solicitar a liberação do montante de R$ 4,2 bilhões bloqueados.

No despacho, o ministro do STF argumentou que as explicações enviadas pela Câmara não abrangem “informações essenciais” e pediu que os deputados prestem novos esclarecimentos “objetivamente” até as 20h (horário de Brasília) desta sexta-feira (27/12).Dino elaborou quatro questionamentos, com o intuito de “facilitar as respostas”. Entre as perguntas do ministro, estão se as especificações ou indicações das “emendas de comissão” constantes do ofício foram aprovadas pelas comissões da Câmara e se existe outro ato normativo que legitime o ofício encaminhado ao governo solicitando os R$ 4,2 bilhões para essas emendas.

Leia abaixo os questionamentos feitos por Dino:

  • Quando as emendas foram aprovadas pelas comissões?
  • Houve novas indicações incluídas depois que essas emendas foram aprovadas pelas comissões? Se sim, quem solicitou e quem aprovou essas inclusões?
  • Qual preceito da resolução de 2006 do Congresso Nacional embasa o ofício e o rito dessas emendas?
  • Há outro ato normativo que legitime o ofício?

Câmara diz que seguiu regras

No documento enviado ao STF mais cedo, a Câmara dos Deputados argumentou que cumpriu as atuais regras determinadas pela Corte e que a decisão de destinar as emendas recebeu o aval do Executivo, ou seja, do governo Lula. Por fim, a Casa pediu a revogação da decisão de Dino e a liberação dos R$ 4,2 bilhões em emendas.

Entre outros pontos, a resposta da Câmara ao Supremo diz que as atas que detalham a destinação das emendas estão publicadas no site da Casa e, portanto, “não procedem os argumentos de que a deliberação das emendas de comissão é oculta ou fantasiosa, já que está detalhadamente documentada nos autos, com publicação ampla na internet”.

Suspensão das emendas

Na última segunda-feira (23/12), o ministro Flávio Dino determinou suspensão imediata do pagamento de 5.449 emendas de comissão, o que afeta uma fatia de R$ 4,2 bilhões do orçamento da União. O magistrado considerou que o pagamento não poderia ser concretizado até que a Câmara apresente as atas das sessões das comissões permanentes.

Na decisão, o ministro cita o ofício enviado por 17 líderes partidários ao governo federal solicitando a liberação do pagamento de 5,4 mil emendas de comissão, sem identificação dos autores. Dino também determinou a abertura de investigação pela Polícia Federal (PF) para apurar suspeitas de irregularidades nos procedimentos.

 https://www.metropoles.com/brasil/emendas-dino-mantem-bloqueio-e-pede-mais-informacoes-a-camara 



Em despacho, Dino explica a associação como abrir conta e usar emenda 

Eduardo Militão
Do UOL, em Brasília
27/12/2024 11h01
Atualizada em
27/12/2024 11h21… 
Ministro Flávio Dino ordenou que AGU explique por que contas correntes para a saúde não foram abertas
Ministro Flávio Dino ordenou que AGU explique por que contas correntes para a saúde não foram abertas Imagem: Antonio Augusto - 31.out.2024/STF

O ministro do STF Flávio Dino, em despacho na quinta-feira (26), explicou a uma associação de municípios como abrir contas bancárias e pagar despesas da saúde usando emendas parlamentares.

O ministro também deu dez dias à AGU (Advocacia-Geral da União) para explicar a falta de abertura de contas bancárias específicas para emendas parlamentares.

O que aconteceu

Dino determinou, no dia 23, que o Ministério da Saúde notificasse as prefeituras e governos estaduais para cumprirem uma ordem dada por ele em agosto: abrir contas específicas para receber transferências vindas de emendas parlamentares. A decisão da última segunda-feira suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões de emendas de comissão, por indicativo de manobra para impedir a transparência dos "padrinhos" das verbas, e causou revolta no Congresso.

A Associação Amazonense de Municípios protestou em nota três dias depois. "A retirada destes recursos coloca em risco a continuidade dos serviços essenciais, especialmente em um estado como o Amazonas, onde os hospitais do interior são administrados em parceria com o governo estadual", afirmou a entidade, em nota divulgada ontem (26). A entidade também enviou um ofício ao ministro.

O ministro do STF ainda ordenou que a associação do AM publique, em 24 horas, uma nova nota à imprensa em seu site. No entendimento do ministro, "não houve 'retirada' de recursos a colocar 'em risco a continuidade dos serviços essenciais'". Segundo ele, houve "bloqueio temporário" até a abertura das contas correntes.

O ministro explicou os passos que devem ser tomados pelos municípios para a abertura de contas bancárias específicas para emendas parlamentares. E determinou que o pagamento aos fornecedores em saúde seja realizado "imediatamente", após a abertura da conta bancária, a fim de não comprometer o atendimento à população.

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Tal providência pode e deve ser feita a qualquer momento, conforme passos novamente explicados.

Ministro Flávio Dino

Ordem de Dino à AGU

AGU tem dez dias úteis para se explicar. Dino ordenou que a Advocacia-Geral da União, que representa o Ministério da Saúde, esclareça, num prazo de dez dias úteis, por que essas contas bancárias ainda não foram abertas, como ele determinou em agosto.

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Houve, portanto, tempo mais do que suficiente para as providências administrativas, que aparentemente (e estranhamente) não foram adotadas. A este propósito, determino que a Advocacia-Geral da União preste informações sobre os motivos administrativos, em 10 (dez) dias úteis.

Ministro Flávio Dino

Os passos explicados por Dino

Ministro esclareceu como a associação de prefeituras deve proceder:

  1. "O município ou estado que recebeu recurso de emenda parlamentar na área da Saúde - e ainda não efetuou os pagamentos pertinentes - deve se dirigir ao banco e abrir conta específica. Isso pode e deve ser feito imediatamente";
  2. "Aberta a conta específica, o município ou estado deve transferir o recurso relativo à emenda parlamentar para tal conta, informando o Ministério da Saúde e a CGU [Controladoria Geral da União;
  3. "A partir da conta específica, não há bloqueio algum, e o município ou estado pode efetuar os pagamentos necessários";
  4. "Repasses futuros derivados de emendas parlamentares devem ser efetuados nas contas específicas para cada emenda". 
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/12/27/dino-faz-passo-a-passo-sobre-como-abrir-conta-bancaria-para-emendas.htm