Privatização da Sabesp vira moeda de troca entre Tarcisio e Nunes, apontam aliados

Processo se tornou uma carta na manga que Nunes tem para convencer Tarcísio a apoiá-lo para a reeleição

Governador (à direita) vem se aproximando do prefeito nas últimas semanas, mas ainda não formalizou seu apoio a ele para 2024
Governador (à direita) vem se aproximando do prefeito nas últimas semanas, mas ainda não formalizou seu apoio a ele para 2024 Divulgação/Governo de São Paulo


Caio Junqueira da CNN

São Paulo
01/08/2023 às 18:38

A privatização da Sabesp virou uma moeda de troca entre os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disseram à CNN aliados de ambos.

O motivo é que, sem o aval do município de São Paulo, a privatização não sai.

No contrato entre a Sabesp e o município, a cláusula número 68 do capítulo dois prevê, entre as hipóteses de extinção do contrato, a “transferência do controle da Sabesp à iniciativa privada”. 

Assim, o município poderia simplesmente romper o contrato com a Sabesp se houver a privatização.

Como a capital paulista é responsável por 44,5% da receita de saneamento da Sabesp, se isso ocorresse, a venda da estatal ficaria inviabilizada.

Esse percentual corresponde a R$ 8,29 bilhões de um total de R$ 18,63 bilhões, segundo dados apurados pela CNN com a empresa.

Com isso, a privatização da Sabesp se tornou uma carta na manga que Nunes tem para convencer Tarcísio a apoiá-lo para a reeleição no ano que vem, de acordo com aliados de ambos.

O governador vem se aproximando do prefeito nas últimas semanas, mas ainda não formalizou seu apoio a ele para 2024.

Aliados de Tarcísio avaliam que a aposta em Nunes é arriscada e que o governador corre o risco de sofrer uma derrota política. 

Para Nunes, porém, ter o apoio do governador é essencial para se tornar competitivo.

Na segunda-feira (31), o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos do Governo de São Paulo aprovou o modelo de privatização da Sabesp.

Agora, cabe à Assembleia Legislativa de São Paulo aprovar um projeto até o final deste ano.

A ideia do governo é que a venda seja concluída no primeiro semestre de 2024.

Líder nas pesquisas ao comando da Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou à CNN ser contra a privatização, deixando claro que, se ele vencer e o processo se arrastar até 2025, o município não endossará a privatização.

À CNN, Boulos disse que “se ocorrer, a privatização vai encarecer o custo da conta de água da população de todas as cidades atendidas pela Sabesp, não só da capital”.

É o que aconteceu em várias cidades onde a água foi privatizada — no Rio de Janeiro, por exemplo, a conta ficou até 800% mais cara.

Guilherme Boulos

Boulos continua na crítica: “Isso para não falar do absurdo que é usar a água dos paulistanos como instrumento de barganha política. Mais de 260 cidades ao redor do mundo — como Paris e Berlim — estão retomando a propriedade pública da água após verem fracassar este modelo. É lamentável que o prefeito vá na contramão do mundo ao apoiar esse retrocesso”.

Procurado, o prefeito Ricardo Nunes disse à CNN considerar que o eventual apoio de Tarcísio a ele não tem relação com a Sabesp.

Tarcísio vai me apoiar pela relação de amizade, confiança, que temos. Sobre a Sabesp, eu já disse que topamos se a tarifa não subir e se manter o que temos hoje que é 7,5% do faturamento destinado para o FMSAI e que 13% devem ser investidos aqui no saneamento. Vou defender a minha Cidade.

Ricardo Nunes 

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