Região Sudeste é considerada endêmica para febre maculosa; entenda


Causada por bactérias do gênero Rickettsia, a febre maculosa é uma infecção que pode levar à inflamação de vasos sanguíneos, com quadros que podem ser leves a graves

Termo “febre maculosa” engloba grupo de doenças causadas por bactérias riquétsias transmitidas por carrapatos
Termo “febre maculosa” engloba grupo de doenças causadas por bactérias riquétsias transmitidas por carrapatos Maria Ogrzewalska/Getty Images

Lucas Rocha da CNN

em São Paulo


A febre maculosa brasileira, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii é a doença transmitida por carrapatos de maior importância no país, sendo endêmica na região Sudeste, onde as taxas de letalidade passam de 50%, de acordo com o Ministério da Saúde.

No contexto da epidemiologia, o termo “endemia” descreve a presença constante ou habitual de uma doença, ou agente causador de infecção em determinada população dentro de uma área geográfica.

Causada por bactérias do gênero Rickettsia, a febre maculosa é uma infecção que pode levar à inflamação de vasos sanguíneos, com quadros que podem ser leves a graves. A variada apresentação clínica, com sinais e sintomas inespecíficos parecidos com o de muitas outras doenças, pode levar a um atraso no diagnóstico, aumentando os riscos de morte.

No Brasil, a febre maculosa foi reconhecida pela primeira vez em 1929 e observada inicialmente nos estados de São Paulo e de Minas Gerais, principalmente em regiões rurais, de acordo com o Ministério da Saúde. Posteriormente, houve relatos de casos nos estados no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Em 2001, a infecção foi incluída na lista das doenças de notificação compulsória no país.

O que é febre maculosa

O termo “febre maculosa” engloba grupo de doenças causadas por bactérias riquétsias transmitidas por carrapatos. No entanto, nem todas as pessoas que desenvolvem a infecção se lembram de terem sido picadas. Para que a infecção ocorra, o carrapato precisa estar infectado pela bactéria e permanecer aderido ao corpo. No Brasil, há duas principais febres maculosas de relevância para saúde pública: febre maculosa brasileira (FMB) e febre maculosa por Rickettsia parkeri.

O período de incubação da doença dura sete dias, em média, podendo variar de dois a 14 dias, ou seja, quando um carrapato infectado por riquétsia pica a pele do hospedeiro humano, o indivíduo permanece assintomático por cerca de uma semana, em média. Somente após esse período, a doença manifesta os sintomas, muitas vezes de forma repentina.

No início, a doença manifesta-se com mal-estar e frequentes com calafrios e tremores, depois há uma sensação de febre. Um ou dois dias depois, a febre sobe e se inicia uma forte dor de cabeça, sintomas inespecíficos que podem ser confundidos com outras doenças, principalmente doenças virais.

O ministério destaca que, ao contrário de muitas doenças, a febre maculosa não se resolve apenas com repouso. Se não tratada, pode evoluir com gravidade, apresentando mal-estar generalizado, sintomas gastrointestinais, quadros com vômitos, diarreia, necrose de extremidades, insuficiência renal aguda, choque séptico e dor abdominal.

A febre maculosa brasileira, mais prevalente na região Sudeste, é uma doença que afeta várias partes do organismo, com alta frequência de manifestações hemorrágicas e, consequentemente, altas taxas de letalidade, que podem chegar a 55%. Neste cenário, a doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida principalmente
na picada do carrapato da espécie Amblyomma sculptum. Já na região metropolitana de São Paulo, o ciclo de transmissão é relacionado à espécie Amblyomma aureolatum.

O tratamento pode ser feito com medicamentos antibióticos, como tetraciclinas e cloranfenicol, a partir de prescrição médica. O tratamento deve ser indicado no momento da suspeita. Quanto antes for iniciado, melhor a eficácia e as chances de cura, de preferência até o quinto dia do início dos sintomas.

Como prevenir a doença transmitida por carrapatos

  • Febre maculosa é uma doença infecciosa, causada por bactérias, transmitidas pelo carrapato-estrela. Veja a seguir como prevenir a infecção Crédito: Maria Ogrzewalska/Getty 
  • Para evitar o contato com carrapatos, é importante que a pessoa, ao entrar em uma área silvestre, onde existem animais, ela vá com uma vestimenta adequada: calçado, meia e calça comprida e manga longa. Roupas claras que permitam a visualização do carrapato”, orienta o médico infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, assistente-doutor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O especialista recomenda que, ao identificar a presença do carrapato, o indivíduo deve fazer a remoção com cautela. O carrapato deve ser retirado preferencialmente com uma pinça, evitando que ele seja esmagado.

“O carrapato não transmite a doença de imediato, ele precisa de um tempo de contato longo com a pele. Após adentrar em uma área silvestre, é importante observar bem o corpo todo para ver se existe a presença de um carrapato”, diz Araújo. “É importante ficar atento ao aparecimento de sintomas, como febre, dores no corpo, manchas vermelhas. Se aparecer algum desses sinais após uma exposição de risco, é importante procurar orientação médica e informar que houve essa exposição de risco”, conclui.

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/regiao-sudeste-e-considerada-endemica-para-febre-maculosa-entenda/

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