Em depoimento de dez horas, Torres diz que desconhece autor de minuta golpista

O ex-ministro da Justiça durante governo Bolsonaro disse ainda que o documento não possuía “viabilidade jurídica”, e “muito ruim, com erros de português, sem fundamento legal”

João RosaElis Barreto da CNN

Em Brasília

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres
Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres 15/06/2022REUTERS/Adriano Machado

Após dez horas de depoimento, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou que desconhece a pessoa que elaborou a chamada “minuta do golpe”, e que nunca teria levado o documento ao conhecimento do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O depoimento aconteceu no 4° batalhão da polícia militar do Distrito federal, nesta quinta-feira (2), onde Torres está preso desde o dia 14 de janeiro. A Polícia Federal e integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) chegaram ao local do depoimento pouco antes das 10h30, horário marcado para o início depoimento.

Ainda sobre a minuta do golpe, o ex-ministro disse que era um documento “sem viabilidade jurídica” e ressaltou que tecnicamente era um documento “muito ruim, com erros de português, sem fundamento legal.

“[Torres disse] QUE esses documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidas ao Ministro; QUE em razão da sobrecarga de trabalho levava todos os documentos da pasta para casa; QUE os documentos importantes eram despachados e retornavam ao Ministério e os demais eram descartados; QUE considera a minuta do decreto totalmente descartável: QUE se tratava de um documento sem viabilidade jurídica;”, afirma o documento.

O ex-ministro afirmou ainda que não foi ele que colocou o documento na pasta, e que pode ter sido uma funcionária ao arrumar a casa. Torres completou que “não é por ter sido encontrado na estante é que teria importância; QUE na verdade já era para ter sido descartado;”.

Sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro em Brasília, Torres afirmou que assinou o plano de ações elaborados pela Policia Militar do Distrito Federal (PM-DF) e que se tivessem cumprido o plano a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes jamais teriam acontecido. O ex-ministro ainda disse que se soubesse da probabilidade de atos golpistas não teria viajado.

Já no caso das acusações feitas por ele contra o sistema eleitoral, Torres afirmou que não houve fraude e que este assunto nunca teria sido tratado no Ministério da Justiça.

Sobre os acampamentos ele disse que os golpistas estavam em área militar, cabendo ao comando do Exército e às secretarias de segurança dos Estados agirem de acordo com suas atribuições. Não cabia atuação do Ministério da Justiça, segundo ele.

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