Adesão dos EUA ao Fundo Amazônia é golaço

 

Josias de Souza - 


O provável anúncio de que os Estados Unidos colocarão dinheiro no Fundo Amazônia é um golaço. A triangulação foi diplomática. Mas a bola não teria entrado na rede sem Marina Silva. A ministra buzinou no ouvido de John Kerry, o assessor especial da Casa Banca para o Clima, que o governo americano precisava evoluir das boas intenções para a liberação do cheque. Pressionou essa tecla num encontro com Kerry na COP27, no Egito. Retomou a pregação em outra conversa, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

A novidade é relevante por duas razões. Primeiro porque reforça a percepção de que a comunidade internacional já se convenceu de que a política ambiental no Brasil está reconciliada com a ciência. Noruega e Alemanha, maiores financiadores do Fundo Amazônia, já haviam desobstruído o fluxo de suas doações. O anúncio é importante também porque marca a superação de uma fase em que, tomado por uma loucura ambiental, o Brasil rasgou dinheiro.

O Fundo Amazônia havia subido no telhado depois que o então ministro Ricardo Salles passou a questionar a gestão dos recursos, feita sob a supervisão do BNDES. Salles desvirtuou a governança do fundo.

"Podem fazer bom uso dessa grana, o Brasil não precisa disso", declarou Bolsonaro na época em que os doadores bateram em retirada. Ele festejou o fato de que Alemanha e Noruega não iriam mais "comprar a Amazônia". Deu no que deu.

Bolsonaro alugou a soberania da Amazônia ao crime organizado. O Brasil voltou à normalidade. Parou de rasgar dinheiro.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL  

Josias de Souza 

Colunista do UOL

10/02/2023

https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2023/02/10/adesao-dos-eua-ao-fundo-amazonia-e-golaco.htm

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