Cascão não tinha água encanada, Cebolinha ainda troca letras e Sansão era de palha: Mauricio de Sousa relembra origem de personagens


Criador da turminha esteve em Mogi das Cruzes para a inauguração de um auditório com seu nome. Em entrevista, ele contou também que  as filhas foram inspiração para os primeiros personagens femininos.



Por Helder Vilela e Mateus Costa, Bom Dia Diário

28/04/2022  
O cartunista Mauricio de Sousa voltou à cidade em que seus "filhos" nasceram. O pai da Turma da Mônica esteve em Mogi das Cruzes na quarta-feira (27).

Em uma entrevista exclusiva, ele falou sobre suas origens na região e a inspiração para os principais personagens da turma.

 Entre eles está o injustiçado Cascão, que não tomava banho por não ter água encanada, e Cebolinha, que até hoje troca o R pelo L.

 Os dois eram crianças que Maurício de Sousa conheceu em Mogi.

 Outra lembrança é o dia em que comprou em uma feira da cidade o coelho Sansão pra filha Mônica, feito de palha. 


Foto: Reprodução/TV Diário
Mauricio de Sousa diz que comprou o coelho Sansão para a filha Mônica em uma feira de Mogi das Cruzes. O bichinho era feito de palha. — Foto: Reprodução/TV Diário


Dos 86 anos de vida, 63 foram dedicados à magia de colorir e divertir a vida de milhares de brasileiros.

 Mauricio conta que começou a ler quando tinha cerca de 4 anos de idade, ensinado pela mãe, e que desde a aquela época decidiu que viveria de contar histórias.

“O primeiro gibi que eu achei na rua, que eu não sabia que existia, se chamava Guri. Fiquei maravilhado com aquilo e levei pra casa. Dei pra minha mãe e perguntei pra ela: ‘o que é isso?’. Ela falou: 

‘isso aí é história em quadrinhos, meu filho. Tem personagem, tem historinhas”.

“Eu falei: ‘lê pra mim, mamãe’. [ela respondeu]: ‘eu leio’. E nunca mais parou”. 

O cartunista nasceu em Santa Isabel, mas passou parte da vida em Mogi das Cruzes.

 Foi no Alto Tietê que ele conheceu pessoas marcantes, de carne e osso, que deram origem aos personagens feito à lápis no papel. 

Para ele, voltar às origens é emocionante.

“Mais da metade da minha vida eu passei em Mogi. A metade mais maravilhosa foi a minha infância aqui”, comenta Mauricio de Sousa.

Cascão não tinha água encanada 

Mauricio era repórter policial enquanto morava na Rua Otto Unger, região central de Mogi das Cruzes.

 Porém, sempre deu um jeito de se dedicar ao cartunismo. 

Nos momentos de inspiração, ele transformava os amigos de infância em desenho. 

Entre eles estava Cascão que, ao contrário do que muita gente pensa, não deixava de tomar banho por opção. 

“O Cascão teve esse apelido porque ele morava num bairro distante, que não tinha água encanada. Não é que ele não gostava de água”.

“Não tinha água. Tinha poço, mas chegava cheio de barro. Tirar água do poço, tudo mais, acho que a mãe dele falava: ‘Daqui a pouco passa uma água aí’”, ri o pai da Turma da Mônica.

Já o Cebolinha, assim como no desenho, tinha cabelos espetados e trocava o ‘R’ pelo ‘L’.

 Uma condição de fala que nunca foi corrigida e que continua nos dias de hoje. 

As filhas foram inspiração
Mônica, a protagonista dos quadrinhos, e Magali, foram inspiradas nas filhas do autor. 

Um fato que é de conhecimento de boa parte dos fãs da turminha. 

Porém, Mauricio destaca que as meninas foram fundamentais para a criação de personagens femininas.

“[Eu] trabalhava em casa. As crianças aos meus pés. Brincando, brigando. Eu vendo como elas cresciam. Até me ajudaram muito, porque eu estava criando personagens masculinos, só. Eu estava criando inspirado nos meus colegas de infância. Joguinho de futebol, campinho perto de casa. Me baseava nos meninos que eu conhecia”. 

“A Mônica nasceu da Mônica mesmo. Eu tinha uma filha chamada Mônica, que era meio bravinha, tinha um coelho mesmo. Eu fui numa feira aqui de Mogi e comprei um coelhão de palha, maior que ela quase, e ela adorou. Levou pra casa”, relembra. 

“Ela tinha a irmãzinha dela, a Magali, que virou personagem também. De vez em quando as duas se pegavam. E ela queria levantar o coelho, que era maior que ela, pra bater na Magali e não conseguia. Eu não deixaria que acontecesse. De qualquer maneira, estava ali o personagem criado”.

Personagens que fizeram história e marcaram gerações. 

Já são mais de 1,2 bilhão de revistas publicadas. 

Mauricio de Sousa é considerado o maior formador de leitores do Brasil e faz parte da Academia Paulista de Letras. 
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/04/28/cascao-nao-tinha-agua-encanada-cebolinha-ainda-troca-letras-e-sansao-era-de-palha-mauricio-de-sousa-relembra-origem-de-personagens.ghtml👇👇👈



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