MPF está feliz com saída de Deltan Dallagnol
Brenno Grillo
O MPF está feliz que Deltan Dallagnol finalmente trocará suas atuações no Judiciário pelos palanques políticos. Mas a felicidade comum numa instituição tão complexa tem razões diferentes, segundo procuradores ouvidos pelo Bastidor.
Há um grupo que apoia a decisão do agora ex-colega por pensar que a Câmara dos Deputados é mesmo o lugar do procurador que aparece em lives defendendo o combate à corrupção - inclusive já tendo sido punido por isso no CNMP. Outra parcela do MPF, porém, acha a decisão um tiro no pé da instituição e do que sobrou do legado da Lava Jato.
Veem na candidatura que está por vir o verniz que a política precisava para colocar a Lava Jato como uma operação de viés político, não um esforço institucional para enfrentar o crime de colarinho branco. O copo fica meio cheio, de acordo com um procurador, com um horizonte em que o MPF "deixará de sangrar" por exposição em demasia e ataques políticos - vistos internamente como retaliação pelas investigações dos últimos anos.
Depois que Dallagnol seguiu Moro rumo à política, assim como Burt Ward acompanhou Adam West na tv norte-americana dos anos 60, Arthur Lira zombeteou da situação, dizendo que o episódio é mais uma justificativa para a política invadir o CNMP.
Procuradores sabem que o presidente da Câmara não desistiu da pauta e que apenas espera o momento certo para voltar ao ataque - sorte do CNMP que os problemas para aprovar a PEC dos Precatórios atrasaram os planos de Lira após uma derrota inesperada.
"Foi mais ironia para aproveitar a situação, mas há um recado ali, sem dúvida", disse outro procurador.
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