Folha pede derrubada do ditador Bolsonaro em editorial de primeira página

247 - O jornal Folha de S.Paulo, que apoiou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, subiu o tom em editorial publicado nesta sexta-feira (6) contra Jair Bolsonaro. 

O jornal chama o chefe do Executivo de “ensaio de ditador”, cobra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a abertura de um processo de impeachment, e critica a “inação” do procurador-geral da República, Augusto Aras.]

O editorial é também uma resposta ao manifesto dos bilionários divulgado nesta quinta-feira (6), que rechaça a aventura golpista de Jair Bolsonaro em contestar o sistema  eleitoral vigente. 

 O documento tem a adesão de intelectuais, empresários e políticos. 

Entre os nomes que assinam estão os banqueiros Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, o financista Armínio Fraga, e os economistas Pedro Malan e Persio Arida, assim como o ex-senador Cristovam Buarque

Leia a íntegra do editorial: 

Ensaio de ditador

Inação de PGR e Congresso ameaça democracia; urge reagir, até por sobrevivência 

Jair Messias Bolsonaro é um presidente contra a Constituição. 

Comete desvarios em série na sua fuga rumo à tirania e precisa ser parado pela lei que despreza.

Há loucura e há método na sequência de investidas contra a democracia e o sistema eleitoral, ao passo que o país é duramente castigado pela ausência de governo.

 São demasiadas horas perdidas com mentiras, picuinhas e bravatas enquanto brasileiros adoecem, morrem e empobrecem

Os danos na saúde, na educação e no meio ambiente, cujos ministérios têm sido ocupados por estafermos, serão sentidos ao longo de gerações.

Os juros sobem e a perspectiva de crescimento cai quando há nada menos que 14,8 milhões de desempregados. 

A disparada nos preços de energia e comida vitima os mais pobres.

 Artimanhas para burlar a prudência orçamentária afugentam investidores. 

Aqui a insânia encontra o cálculo. 

Ao protótipo de ditador cujo governo fracassou resta enxovalhar as instituições e ameaçá-las de ruptura pela força.

Mas o uivo autoritário encontrou reação firme de agentes da lei. 

O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral incluíram o presidente da República em inquéritos, que precisam ir até o fim.

Os presidentes da Câmara e do Senado e o procurador-geral da República, no entanto, não entenderam o jogo.

 Por ingenuidade ou interesse equivocado, associam-se a uma figura que se pudesse fecharia o Congresso, o Ministério Público e o Supremo.

Falta ao procurador Augusto Aras perceber que a vaga que ambiciona no STF de nada valeria em um regime de exceção; ao deputado Arthur Lira (PP-AL), que a pusilanimidade de hoje não seria recompensada com mais poder em uma ditadura.

A deliberação sobre os pedidos de impeachment torna-se urgente

Da mesma maneira, os achados e conclusões da CPI da Pandemia devem desencadear a responsabilização do presidente. 

À Procuradoria cumpre exercer a sua prerrogativa de acionar criminalmente o chefe do governo.

A inação de Aras e Lira põe em risco a democracia; é preciso reagir, até pela própria sobrevivência

https://www.brasil247.com/midia/folha-pede-queda-derrubada-do-ditador-bolsonaro-em-editorial-de-primeira-pagina?amp

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