Mogi das Cruzes - Operação Legis Easy - Parlamentares são transferidos para penitenciária de Tremembé - Carlos Evaristo, Diego Martins, Jean Lopes e Mauro Araújo deixaram a cadeia pública de Mogi ontem pela manhã.
Cidades
10/09/2020 00:21 Felipe Antonelli
Os vereadores presos na última sexta-feira por suspeita de envolvimento em corrupção envolvendo aprovação de projetos encomendados na Câmara Municipal foram transferidos ontem para a Penitenciária II de Tremembé, no Vale do Paraíba. Os parlamentares Carlos Evaristo da Silva (PSB), Diego de Amorim Martins (MDB), Jean Lopes (PL) e Mauro Araújo (MDB) foram conduzidos à unidade no interior do Estado na manhã de ontem, após passarem quase cinco dias na Cadeia Pública de Mogi das Cruzes, em cela especial compartilhada e sem receber visitas.
A exceção é o vereador Chico Bezerra (PSB), que continua em prisão domiciliar devido a problemas de saúde que o fizeram ser levado ao hospital no dia em que a operação Legis Easy foi deflagrada, na sexta-feira passada. Com mandado de prisão preventiva expedido, o vereador Antonio Lino (PSD) continua foragido, assim como o empresário Pablo Nogueira, filho do vereador Chico Bezerra. Outro empresário, ainda não identificado, também segue foragido da Justiça.
No início da noite da última terça-feira, os quatro empresários e assessores da Câmara de Mogi foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mogi das Cruzes, no distrito do Taboão. Foram transferidos Carlos César Claudino de Araújo (empresário e irmão do parlamentar Mauro Araújo); os empresários Joel Leonel Zeferino e Willian Casanova; além do assessor do vereador Diego de Amorim Martin, André Alvim de Matos, preso no último sábado.
Segundo o Ministério Público, o empresário Joel Zeferino utilizava a influência que tinha com o vereador Araújo para obter "favores junto à administração pública", como contratos na área de construção civil. A promotoria afirma que as provas obtidas "não deixam a menor dúvida de que o empresário Leonel Zeferino interferia diretamente na política de zoneamento da cidade para atender seus próprios interesses empresariais". De acordo com o Ministério Público, o parlamentar Araújo era o responsável pela distribuição desses repasses ilícitos aos outros vereadores supostamente envolvidos, como forma de angariar apoio a projetos de interesse dos empresários.
As investigações que levaram à prisão dos vereadores começaram após o empresário Zeferino ser alvo de um estelionato e denunciar o crime, em novembro do ano passado. Segundo a promotoria, as investigações tiveram início após Zeferino cair em um golpe ao tentar comprar nove veículos para o vereador Mauro Araújo.
Os depósitos e pagamentos seriam feitos nas contas bancárias de três empresas ligadas a Mauro Araújo: a M.A. Assessoria Financeira Ltda; MLC, do parlamentar Araújo; e Casa Mix Comércio de Produtos em Geral Ltda, do empresário e chefe de gabinete da Câmara, Willian Casanova; e MLC de Araújo ME, do irmão do vereador Mauro Araújo.
Um dia após a deflagração da operação, três pedidos de Habeas Corpus foram impetrados pelas defesas dos suspeitos. Advogados que representam os parlamentares Antonio Lino da Silva e Mauro Araújo e do empresário Zeferino apresentaram o pedido de soltura no sábado pela manhã. Todos foram negados pelos desembargadores.
A defesa de Mauro Araújo disse que está à disposição da Justiça para que os fatos sejam apurados o mais breve possível. "Aguardamos informações para os próximos passos, mas estamos tranquilos e confiantes de que a verdade em breve será estabelecida". No mesmo sentido, a defesa do empresário Joel Leonel Zeferino, representada pelo advogado Dirceu do Valle, afirmou que "confia na Justiça".
A defesa do Vereador Chico Bezerra e de seu filho Pablo Bezerra teve acesso à investigação do Ministério Público e afirma que todos os fatos a eles imputados encontram-se desvinculados daquilo que foi originariamente investigado. Já o gabinete do vereador Jean Lopes afirmou que a prisão foi equivocada e ilegal.
O vereador Diego de Amorim Martins reafirmou que irá provar inocência.
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