China rouba tecnologia brasileira e leva nossas sementes para a África - As sementes xing ling já estão na África e os investimentos são altos para criar uma frente que pode derrotar o Brasil com a nossa própria tecnologia

 

  • Por José Maria Trindade*
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  • 16/09/2020 09h39
  • As quinquilharias chinesas que invadiram o mundo escondem um sistema pesado, técnico e organizado. 

    Não há cidade que não tenha o seu centro de produtos chineses. 

    Baratos, sem qualidade comprovada e com consumo em alta, as feiras se popularizaram em todas as capitais. 

    Aqui no Distrito Federal a Feira do Paraguai mudou o nome para Feira dos Importados, mas continua vendendo as eternas novidades da China

    A feira agora dominada por coreanos tem o forte na venda de óculos e bolsas genéricas. 

    Nem mil operações conseguem tirar os falsificados das bancas. 

    O sistema é organizado e se amplia. 

    A novidade agora é a semente xing ling

    Isto mesmo, os chineses roubaram os segredos das nossas sementinhas e investem pesado na África.  

    Produtos top de linha com alta tecnologia estão agora nas mãos dos chineses e vão concorrer com os originais, os produtores brasileiros. 

    Estas sementes, matrizes de suínos e bovinos, são resultados de anos de pesquisa e experiência de campo. 

    Embrapa tem uma estrutura enorme e cara e avalia adaptações, resistências a pragas e aumento de produtividade. 

    Um trabalho demorado e tecnologia apurada envolvendo vários setores e que está sendo levado para concorrer com o Brasil. 

    Enquanto líderes do agronegócio dão a impressão de que estão por cima da carne seca e que dominam o mundo na produção de alimentos, setores de inteligência ligaram o alerta geral. 

    A situação pode mudar.

    Os sapiens viviam no mundo livres e soltos. 

    Eram nômades e sobreviviam da caça e da colheita. 

    O lado negativo era que viviam fugindo de leões famintos, hienas insistentes e predadores vorazes. 

    No segundo passo, descobriram que poderiam evoluir para o cultivo e começaram como o trigo. 

    Domaram as sementes, selecionaram as melhores através da observação e experiência. 

    Foi aí que os sapiens passaram de nômades para sedentários para cuidar da cultura. 

    Num conceito científico, o sucesso de qualquer espécie se mede pelo número de DNAs espalhados pelo mundo. 

    Se é assim, quem domou quem? 

    Seria o homem que domou o trigo ou o trigo em maior número que dominou o homem e o tirou da vida livre para escravizá-lo eternamente como colonizador e cuidador de plantas? 

    Em uma resposta conceitual, o certo mesmo é que hoje, sem tecnologia, o campo para. 

    O Brasil domou a agricultura e pecuária. 

    Se transformou no maior produtor de soja do mundo. 

    A soja alimenta desde crianças, jovens e adultos a bovinos, caprinos e suínos. 

    As aves na verdade são também produto da ração que chega a locais distantes como os famosos salmões criados em cativeiro na Noruega.

    Num dos primeiros tratados sobre economia que se tem notícia, o estudioso Thomas Malthus assustou o mundo. 

    Ele mostrou com dados que a população mundial estava crescendo em PG, Progressão Geométrica. 

    A produção de alimentos também crescia, mas em PA, Progressão Aritmética. 

    O resultado mostrado por ele provocou um debate mundial, a falta de alimentos. Haveria, segundo o seu tratado, guerras por comida e crises graves nas relações internacionais. 

    Os anos se passaram e o terror descrito não aconteceu. 

    O estudo não foi esquecido. 

    Recentemente economistas entenderam que Thomas Malthus fez um grande serviço à humanidade. 

    As áreas plantadas foram multiplicadas. 

    A produtividade também aumentou muito. 

    A tecnologia para melhorar o aproveitamento de alimentos se desenvolveu e hoje a busca de alimentos se dá não nas fazendas, mas nos supermercados. 

    O resultado é que não falta alimentos. 

    Em alguns setores o que falta é dinheiro para comprar alimentos. 

    O debate intenso já está pacificado no sentido de que Malthus estava certo ao apontar o desequilíbrio. 

    O mercado é que se antecipou e produziu, aumentou a produtividade e aproveitamento. 

    E assim o mundo evitou o cenário caótico traçado pelo economista.

    O mundo acabou se esquecendo da possibilidade de falta de alimentos. 

    Grandes produtores apareceram e entre eles o Brasil. As vantagens são evidentes. 

    Um território enorme, condições climáticas próprias e força de trabalho. 

    O governo investiu e criou empresas impulsionadoras, com crédito e oferta de tecnologia. 

    A tecnologia empregada no meio rural é de ponta. 

    Acabou o recanto de trabalho escravo e o maquinário tem que ser operado por profissionais especializados. 

    As sementes foram selecionadas a custa de pesquisas demoradas e os tratos culturais desenvolvidos por técnicos abnegados. 

    E são exatamente estas tecnologia e conhecimento que foram copiados e agora sendo levados para outros países com investimentos chineses. 

    A África será no futuro um grande concorrente do produto brasileiro.  

    Já é uma realidade a semente xing ling que será usada contra nós. 

    O nome correto é Shanzhai

    Por aqui se criou esta expressão xing, significa estrela e ling que indica o zero

    Portanto, um produto com zero estrela. Esta é a guerra que ainda está invisível.

    *José Maria Trindade é repórter e comentarista de política da Jovem Pan.

    https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/jose-maria-trindade/china-rouba-tecnologia-brasileira-e-leva-nossas-sementes-para-a-africa.html

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