Ação do Magazine Luiza custaria R$ 5.578,24, não fossem os desdobramentos

 Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo

18 de setembro de 2020 

Quem quisesse comprar apenas uma ação da Magazine Luiza hoje na bolsa de valores poderia ter que desembolsar R$ 5.578,24, não fossem pelos vários desdobramentos que a companhia fez de seus papéis nos últimos anos

No pregão desta sexta-feira (18), uma ação da varejista mais cobiçada da bolsa paulista fechou negociada a R$ 87,16, e a companhia anunciou que deve desdobrá-la mais uma vez: cada papel será desmembrado em quatro partes, o que “cortaria” o preço unitário para algo próximo de R$ 21, considerado o valor deste pregão.

As contas foram feitas pelo CNN Brasil Business junto ao economista Pedro Galdi, da gestora Mirae Asset, e da consultoria Economática.

Os desdobramentos são divisões que a empresa faz de cada uma de suas ações quando o preço delas começa a ficar muito alto, para dar maior facilidade nas compras de investidores de todos os tamanhos. Se uma ação chega, por exemplo, a R$ 200, a companhia pode optar por desmembrá-la em 20 de R$ 10.

Isso altera apenas o número de ações à venda e o preço unitário delas, mas o valor de tudo reunido, que é o valor de mercado da companhia, não muda. O valor que um investidor tenha aplicado nelas também não.muda. O valor que um investidor tenha aplicado nelas também não.

No caso da Magazine Luiza, a alta de suas ações nos últimos anos foi tão exponencial que ela já está no terceiro desdobramento. O primeiro foi feito em 4 de setembro de 2017, quando o papel estava valendo nada menos que R$ 621,79.

No dia seguinte, iniciou o pregão desmembrado em 8, e fechou valendo R$ 82. Nestes três anos de lá para cá, o valor já subiu 797,13%. É esta alta que faz com que o investidor que tivesse uma ação de R$ 621,79 da Magazine Luiza naquela data tenha hoje R$ 5.578,24.

A diferença é que, no lugar de uma ação, hoje ele tem 64: em 5 de agosto de 2019, a Magazine Luiza fez seu segundo desmembramento e cortou a ação novamente em outros 8 pedaços. Cada uma delas, antes desta segunda divisão, já estava valendo R$ 276 de novo.

O objetivo é tornar os papéis mais baratos e — ao atrair o pequeno investidor — aumentar o volume de negociações na bolsa. Além disso, a operação abre espaço para nova valorização dos papéis.


Ação já valeu menos de R$ 2


As ações da Magazine Luiza começaram a ser negociadas na bolsa de valores em 2011, a R$ 16, mas com uma trajetória completamente diferente da atual: elas seguiram em rota de queda até 2015, quando já tinham despencado a menos de R$ 2.

O valor era tão baixo que aconteceu o oposto: a varejista fez uma operação de agrupamento de ações, ou seja, juntou várias em uma só para dar uma engordada no preço. É o que as chamadas “penny stocks” – empresas que têm ações que valem centavos – fazem para ter variações diárias menos bruscas.

Em 9 de setembro de 2015, em seu pior momento na bolsa, a Magazine Luiza agrupou 8 de suas ações, que estavam sendo negociadas a R$ 1,80, em uma só de R$ 14,40. Foi o nível mais baixo a que seu valor chegou: ajustadas pela operação de agrupamento, é como se as ações da companhia tivessem começado a ser negociadas na bolsa, lá em 2011, por R$ 128.

É também esta nova unidade de R$ 14,40 que, dali para frente, entraria em uma rota de subida ininterrupta e que, hoje, estaria valendo R$ 5.578,24, caso os dois desmembramentos que vieram depois não a tivessem quebrado em 64.É um aumento de simplesmente 38.637% para quem tivesse comprado uma ação dela naquele dia de 2015 e a segurado até hoje. Quer dizer, o investimento se multiplicou por 387.

A guinada aconteceu depois que a fundadora, Luiza Trajano, passou o bastão para o filho Frederico Trajano e a “Magalu” entrou em um forte processo de inovação e digitalização que a transformou, hoje, em uma das vedetes do e-commerce brasileiro.

https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/09/18/acao-da-magazine-luiza-custaria-r-5578-24-nao-fossem-os-desdobramentos


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