Magazine Luiza compra Estante Virtual por R$ 31 milhões; empresa vende R$ 90 milhões ao ano - Site de vendas de livros novos e usados havia sido avaliado pela Livraria Cultura em R$ 44 milhões e pode gerar mais receita do que outros segmentos, como eletrônicos

Magazine Luiza (MGLU3) arrematou o site de vendas de livros novos e usados Estante Virtual, controlado pela Livraria Cultura, atualmente em recuperação judicial, por R$ 31 milhões em leilão realizado hoje.
O Magazine Luiza foi a única empresa a fazer um lance pelo ativo, que havia sido avaliado pela Livraria Cultura em R$ 44 milhões.
Segundo o Valor informou em dezembro, a intenção da Cultura seria vender a Estante Virtual por montante entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões. Assim, o valor de venda ficou abaixo do esperado inicialmente.

Faturamento de R$ 90 milhões

A Estante Virtual tem vendas anuais de R$ 90 milhões, disse uma fonte ao Valor. O site opera com o maior acervo de sebos do Brasil, com 18 milhões de livros e dois milhões de pedidos ao ano.
A advogada da Livraria Cultura, Fabiana Solano, sócia do Felsberg advogados, informou que a venda aconteceu conforme previsões do plano de recuperação judicial aprovado pelos credores e homologado pela justiça em setembro do ano passado, com objetivo de injetar novos recursos para garantir a recuperação da companhia.
Os R$ 90 milhões anuais referem-se a vendas totais (de lojistas que estão hospedados no site). A companhia recebe um percentual dessa venda, no mínimo em 20% por compra fechada, diz fonte.
É uma taxa acima da média de cobrança dos marketplaces (shopping virtual) no Brasil — essa taxa gira em torno de 12% em outros produtos, como moda e eletrônicos — o que indica que a operação pode ser mais rentável que outras categorias.
A Estante Virtual tem seis mil lojistas hospedados, sendo que 40% da venda são itens novos (comprados diretamente de editoras) e 60% de usados. esses seis mil lojistas se somam aos 14 mil lojistas de livros do Magazine, totalizando 20 mil.
A empresa on-line de livros comprada praticamente não cresceu em 2019, frente à crise financeira enfrentada pela Cultura desde o ano passado.
Toda essa base de livros será integrada diretamente ao marketplace do Magazine Luiza, inclusive ao seu aplicativo, ao contrário de uma parte dos produtos do site de Netshoes, que não estão dentro da lista de produtos do Magazine Luiza por exigência de alguns fornecedores. Um pequeno percentual dos artigos esportivos do site da Netshoes está hospedado apenas na página da Netshoes, apurou o Valor.
Ainda segundo fonte, a Estante Virtual não registra prejuízo. Em 2019, operou com equilíbrio, inclusive chegando a ter um pequeno lucro ao fim do ano, diz a fonte.
Não há expectativa de que o Magazine faça algum aporte urgente na Estante Virtual, frente a situação financeira da empresa comprada — com Netshoes, o Magazine precisou injetar recursos logo após a aquisição.
“Não são casos comparáveis. A Estante conseguiu no ano passado manter uma operação gerando caixa, mesmo com a Cultura em RJ [recuperação judicial]”, diz fonte.
(Com conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor)

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