Estadão - Como se qualificar para trabalhar na Indústria 4.0 - “Quem escolhe a carreira de engenheiro aprende a analisar dados, criar soluções e fazer as coisas andarem”, diz Fuad Kassab Junior, professor do do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Universidade de São Paulo (USP)
O Estadão QR preparou um passo a passo para você pisar com o pé direito no chão da nova fábrica:
O profissional 4.0 precisa ser engenheiro?
Nem sempre. Dentro da academia, a formação em engenharia continua a ser a principal referência para a Indústria 4.0, com destaque para o curso de Automação e Controle, que é considerado multidisciplinar. Outras áreas da engenharia também podem oferecer base para as fábricas automatizadas, como as de Produção, Mecânica, Química, Elétrica, Eletrônica e Telecomunicações.
Para o professor do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Universidade de São Paulo (USP), Fuad Kassab Junior, há várias perspectivas de oportunidade de trabalho, não só na I4.0. Isso porque durante a graduação, que leva cerca de cinco anos, o próprio mercado pode mudar.
“O ensino de engenharia é multidisciplinar. O aluno que escolhe essa carreira sai treinado para analisar dados, criar soluções e fazer as coisas andarem. Com isso, consegue transitar em várias áreas, como mercado financeiro, automação e administração”, diz o professor.
Por sua vez, o pesquisador Patrick Morelo, 33 anos, faz doutorado em física pela Universidade Federal de Santa Catarina e usa ferramentas de machine learning no desenvolvimento de sua tese na área de neurociências do sistema visual. Para programar o robô que usa os dados matemáticos de sua pesquisa, ele aprendeu de forma autônoma a trabalhar com Julia, linguagem de programação para alto desempenho no tratamento de números e dados científicos. Por isso, Morelo destaca a importância dos cursos livres para a formação de profissionais dessas áreas.
“Os cursos de graduação de exatas são bons porque ensinam a visualizar equações e funções. Quem estudou cálculo e geometria analítica vai ter compreensão para desenvolver machine learning”. Ele considera, no entanto, que não existem disciplinas específicas que explicam esses conceitos.
Quais são as profissões da Indústria 4.0?
Onde estudar para a I4.0?
Manter o currículo atualizado diante dos avanços da automação tem sido uma preocupação não só dos estudantes mas também da academia. A professora Lilian Kawakami, coordenadora do Curso de Controle e Automação da Coppe/UFRJ e da Escola Politécnica da mesma universidade conta que o curso, mesmo tendo cerca de 20 anos, está passando pela terceira reforma curricular. “Nosso objetivo é preparar os nossos alunos para as demandas do mercado. Estamos incluindo aulas de rede e data mining, por exemplo, para acompanhar as tendências da Revolução 4.0”, explica a especialista.
Universidades nacionais
Dos cinco melhores cursos de engenharia do Brasil, quatro são graduações do Instituto Militar de Engenharia (IME) e Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O ranking, desenvolvido a partir de dados do Ministério da Educação (MEC), mostra que as instituições militares se destacam no ensino de automação no País. Além desses institutos, há universidades federais com cursos reconhecidos na área de Engenharia:
- USP: Engenharias de Automação e Controle, Mecatrônica, Produção, Computação, Telecomunicação
- UFRJ: Engenharias Eletrônica e de Computação, Elétrica, Controle e Automação, Química, Computação e Informação, Produção e Pós-Graduação na Coppe
- UNB: Engenharias de Redes de Comunicação, Computação, Produção, Elétrica, Mecatrônica, Mecânica, Software, Eletrônica
- UFSC: Engenharias de Computação, Controle e Automação, Elétrica, Eletrônica, Mecânica, Química, Produção Mecânica e Mecatrônica
- UFMG: Engenharias Elétrica, Mecânica, Produção, Sistemas e Controle e Automação
- UFPB: Engenharias de Produção, Mecânica e Química
- UFRGS: Engenharias Mecânica, Controle e Automação, Elétrica, Química, Produção e Computação
Universidades internacionais
Os núcleos de pesquisa mais avançados em Indústria 4.0 estão nos Estados Unidos, na Europa e na China. Em rankings de melhores universidades, como o Times Higher Education, o Shanghai Ranking e o Center for World University Rankings (CWUR), destacam-se as universidades de Stanford e Massachusetts nos EUA, Oxford no Reino Unido, Swiss Federal Institute of Technology Zurich na Suíça e a Tsinghua University na China.
Cursos livres
Há muitos cursos online direcionados para o interesse do programador. Uma das plataformas mais completas é a Edx, fruto de parceria de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que oferece formação em Data Science, programação em Phyton, Internet da Coisas (IoT) e blockchain. As aulas são gratuitas, mas o site cobra a partir de U$ 99 pela emissão de certificados (dependendo do nível e da duração do curso).
Em conjunto com a Edx e a Microsoft, o Senai tem cinco cursos online gratuitos de introdução em inteligência artificial.
O Udemy é outro site com cursos de data science e machine learning onde profissionais desta área costumam se especializar. As aulas básicas, oferecidas por professores independentes, custam a partir de R$ 25,99.
Voltado exclusivamente para desenvolvimento e programação, o Data Camp tem cursos para programação em R, Python e SQL em todos os níveis. Não é preciso pagar pelas aulas introdutórias, mas para completar os cursos é preciso pagar mensalidade, a partir de US$ 25.
O Senai oferece cursos livres de curta duração, além do ensino de nível técnico e tecnólogo.
O Senai-SP possui os chamados cursos rápidos voltados aos fundamentos de robótica, internet das coisas, prototipagem em impressora 3D com duração entre 40 horas e 80 horas.
Para uma formação de maior duração, a instituição oferece também os cursos de Robótica Industrial (160 horas) e Técnico em Mecatrônica (dois anos).