Colônia japonesa comemora hoje os 111 anos de imigração
Imigrantes celebram a data em que o navio Kasato Maru aportou no Brasil trazendo as primeiras 165 famílias
Há mais de um século, quando o Brasil começou a abrir suas portas para receber os imigrantes da colônia japonesa que abandonavam o país de origem à procura de novas oportunidades de vida, Mogi das Cruzes foi um dos primeiros municípios a acolher os nipônicos. A cidade tinha forte tendência para a agricultura e o comércio, o que facilitava a adaptação dos imigrantes. Hoje, quando se comemora o Dia da Imigração Japonesa, Mogi continua sendo um porto seguro para os japoneses, mas está bem distante de oferecer as mesmas oportunidades do século passado.
Para o vice-presidente da Associação Cultural de Mogi das Cruzes (Bunkyo), Roger Kayasima, a comunidade japonesa cresceu tanto, que a expressão "Colônia Japonesa'' não tem tanto sentido, pois, segundo ele, a cultura japonesa já se estabeleceu com tamanha força que o nome precisa ser "Comunidade Nipo-Brasileira''.
Segundo Kayasima, Mogi das Cruzes é conhecido como um município forte na agricultura e que abriga uma parte significativa do Cinturão Verde de São Paulo, mas atualmente o município abre espaços para os imigrantes e suas famílias em setores diversos.
"Os primeiros imigrantes vieram especificamente para a zona rural, que era a vocação inicial deles, que era trabalhar na lavoura. Hoje em dia, a agricultura nipo-brasileira continua sendo uma das mais predominantes, porém, pouco a pouco a sociedade japonesa foi se inserindo dentro da sociedade brasileira e hoje nós temos nipo-brasileiros em todos os segmentos do município'', afirmou o vice-presidente.
A cultura japonesa que trouxe diversas coisas para a população mogiana, hoje se estabelece de uma forma muito presente. Segundo o dirigente, graças a essa troca de culturas, os japoneses tiveram uma grande valorização de seus costumes, de seus hábitos sociais e até mesmo culinários. Um dos exemplos dessa influência é a tradicional Festa do Akimatsuri, realizada anualmente pela associação Bunkyo.
Kayasima explicou que além dos sabores da tradicional culinária japonesa, o Brasil recebeu diversas outras influências da cultura nipônica que se misturaram e modificaram a cultura nacional."Hoje em dia nós vemos nossa cultura sendo praticada em todo lugar, até mesmo pelos não descendentes, seja na culinária, nas atividades sociais, esportes como o karatê e o judô, que dominam o segmento de lutas'', exemplificou.
A ascensão da cultura oriental está presente em diversas áreas da sociedade atual, como por exemplo, os jovens que estão a todo momento recebendo informações da cultura pop, como o mangá, o anime e os cosplays.
* Texto supervisionado pelo editor. Nicolas Takada*
Estudo mostra agricultura como setor mais concorrido
O último censo demográfico sobre os imigrantes japoneses residentes no Estado de São Paulo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontou que, de 1
O último censo demográfico sobre os imigrantes japoneses residentes no Estado de São Paulo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontou que, de 1.164 imigrantes nascidos no Japão que vivem em Mogi das Cruzes, 132 trabalham no setor de agricultura, pecuária ou produção florestal. O estudo é realizado a cada dez anos e o mais recente data de 2010.
Segundo o levantamento, o maior segmento onde os imigrantes trabalham continua sendo o da agricultura, que se destaca na produção de hortifrutigranjeiros, sendo o maior produtor nacional de caqui, nêsperas e orquídeas. Em segundo lugar, fica o setor comercial, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 68 imigrantes.
Os dados apontam que vieram para o município 570 homens e 594 mulheres para buscar novos horizontes. Dentro desses números, muitos imigrantes chegaram ao Brasil ainda criança e hoje estão na faixa dos 60 anos de idade. O estudo também aponta boa parte dos imigrantes conseguiu se estabelecer no município e alcançou uma residência fixa.
Atualmente, Mogi das Cruzes é uma das maiores cidades com descendentes nipônicos no Brasil e é o município do Alto Tietê que abriga o maior número de estrangeiros. Segundo o governo do Estado, no Brasil vivem mais de 2 milhões de japoneses e descendentes, o que representa a maior comunidade nikkei fora do Japão do mundo.