Alunas da Etec de Suzano conquistam prêmio com resina que pode ser usada em vários produtos Projeto conquistou o primeiro lugar em uma das principais categorias da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Substância que sobra na fabricação de papel é matéria-prima.

 Um  projeto de conclusão de curso de duas alunas de química da Etec de Suzano, conquistou o primeiro lugar em uma das principais categorias da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). As estudantes Nathália Leite Ferraz e Luma Caroline da Silva pesquisaram o uso de uma substância de origem vegetal para substituir o fenol, um produto tóxico, usado em vários segmentos da indústria.

O trabalho começa com a separação e limpeza do licor negro. Esse líquido escuro é na verdade um resíduo industrial de empresas papeleiras. “Quando a gente está na indústria papeleira a gente tem interresse na celulose. A celulose é uma molécula que está na planta e a indústria precisa só dela. E quando extraem a celulose, eles obtém o líquido negro que é a mistura de lignina e muitas outras coisas”, explica Nathália Leite Ferraz. Depois elas retiram a lignina. O item mais importante para o trabalho delas. “Lignina é uma macromolécula que está presente em todos os vegetais. Independente dele ser pequeno ou grande tem quantidade de lignina e é responsável pela resistência da fibra vegetal”, conta Luma Cardine da Silva.
Com a lignina, elas conseguem criar uma resina que pode ser usada nos mais diversos produtos da indústria como puxadores de eletrodomésticos, monitores de computadores e até bocais de escapamento de carros. A vantagem é que a lignina não tem a toxicidade do fenol - o material com o qual hoje são feitos esses produtos. “Na verdade a lignina tem várias benefícios em comparação ao fenol. Primeiro é o custo que é pequeno e barateia o nosso produto. Fenol puro é composto tóxico para seres humanos. E por outro lado lignina não tem isso, pois vem da natureza e é sustentável”, completa Luma.
O projeto começou como um trabalho de conclusão de curso, depois de uma visita a uma empresa papeleira. “Durante a visita nos processos a moça que nos guiava comentou sobre o liquor negro e que o laboratorio deles estava pesquisando coisas para fazer com esses produtos e resolvemos pesquisar”, diz Nathália.
César Tatari foi o professor orientador e ele confessa que no começo ficou com medo de que o projeto não desse certo. “O trabalho é pesado por falta de equipamento e improvisamos um reator para que a reação ocorresse. E dependia muito da força de vontade delas e percebi por conversas que a possibilidade de dar certo era grande e no decorrer do curso, como trabalhamos indo atrás de parcerias, chegamos no produto final.”
E deu tão certo que o trabalho venceu a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia na categoria ciências exatas e da terra. Esse prêmio, além de ser o primeiro de uma Etec do Alto Tietê nessa feira, ainda credenciou o projeto a participar da Expo-Science International, que dessa vez vai ser em Fortaleza, no Ceará. “Eu como professor fico muito feliz por ter trabalhado com esse grupo. Acabo evoluindo o método de ensino e como explorar a potencialidade desses jovens.”
Para as estudantes, o importante é saber que o projeto criado por elas é, além de tudo, uma maneira de ajudar o meio ambiente e o mundo. “Saber que na nossa pesquisa podemos ajudar o meio ambiente e construir um mundo melhor é gratificante”, afirma Nathália. “Os prêmios que a gente recebeu, o reconhecimento que estamos tendo para gente é o de menos. O tanto que crescemos academica e pessoalmente. Vimos que conseguimos ajudar o meio ambiente e ter nosso méritos”, destaca Luma.

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