O FUTURO DO TRABALHO - Quase 50% das atividades podem ser automatizados com tecnologias atuais Estudo publicado pelo McKinsey Global Institute envolve US$ 11,9 trilhões em salários e afeta 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo.




Ethevaldo Siqueira

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O mundo está prestes a passar por uma revolução robótica, que vai transformar a economia global nos próximos 20 anos. 

Com máquinas no lugar de funcionários humanos, os custos para os negócios serão reduzidos, mas a desigualdade social será exacerbada. 

Essa é a conclusão de um relatório elaborado pelo Bank of America Merrill Lynch, e divulgado nesta quinta-feira pelo jornal britânico “Guardian”.

“Nós enfrentamos uma mudança de paradigmas que vai alterar a forma como vivemos e trabalhamos”, diz o documento. “O ritmo de inovações tecnológicas disruptivas deixou de ser linear e se tornou parabólica em anos recentes. 

A penetração de robôs e inteligência artificial atingiu todos os setores industriais, e se tornou uma parte integral das nossas vidas”.

Por outro lado, essa revolução pode fazer com que 35% dos trabalhadores britânicos e 47% dos americanos corram riscos de serem trocados pela tecnologia nas próximas duas décadas, segundo estudo da Universidade Oxford citado no relatório. 

E como o desaparecimento de empregos será concentrado nos setores mais baixos da pirâmide social, o resultado será o aumento da desigualdade.

“A tendência é preocupante em mercados como os EUA, porque muitos dos empregos criados em anos recentes são de baixa remuneração, manuais ou serviços que são geralmente considerados de alto risco de substituição”, aponta o relatório. 

“Um grande risco sobre o avanço dos robôs e da inteligência artificial é o potencial para aumentar a polarização do trabalho, particularmente para empregos de baixa remuneração, como ocupações no setor de serviços, e um esvaziamento dos empregos manuais de renda média”.

Os autores calculam que o mercado global de robôs e inteligência artificial alcançará US$ 152,7 bilhões em 2020, e a adoção dessas tecnologias pode aumentar a produtividade em até 30% em algumas indústrias.

Enquanto a transferência da produção para outros países pode reduzir os custos de mão de obra em 65%, a substituição de trabalhadores humanos por máquinas pode economizar até 90%.

Nos setores manufatureiros mais avançados, como entre as fabricantes de veículos japonesas, robôs já são capazes de trabalhar sem supervisão humana, 24 horas por dia, 30 dias por mês, praticamente sem interrupções. 

A estimativa é que existam, em média 66 robôs para cada cem mil trabalhadores no mundo; mas no setor automotivo nipônico existem 1.520.

E não serão apenas os trabalhadores de linhas de produção os substituídos. 

Levantamento realizado em 2013 pelo McKinsey Global Institute apontou que US$ 9 trilhões em custos com funcionários poderão ser cortados se computadores inteligentes assumirem serviços como análise de crédito e aconselhamento financeiro. E essa vantagem competitiva deve provocar uma corrida entre as companhias.

“A adoção antecipada será vantagem competitiva chave, enquanto os que ficarem para trás nos investimentos verão sua competitividade desabar”, aponta o relatório.


O temor da substituição dos trabalhadores por máquinas não é novo. 

A mesma coisa aconteceu há dois séculos, com o surgimento das máquinas a vapor, e no fim do século passado, com ascensão dos computadores. Beijia Ma, autora principal do relatório, aconselha que os temerosos em relação ao avanço da robótica devem melhorar suas habilidades.

Por outro lado, Andrew Simms, do New Weather Institute, vê na robótica uma oportunidade para realização das previsões do economista John Maynard Keynes, sobre as reduções das horas semanais de trabalho para 15 horas, com o restante do tempo sendo dedicado ao lazer. 

Mas para isso, afirma o pesquisador, será preciso repensar a relação entre trabalho e sociedade.

— Nós estamos em perigo. Pela primeira vez na história, estamos criando um número grande de pessoas que não são necessárias — afirmou Simms. — A questão deveria ser qual o topo de economia queremos, e para satisfazer quais necessidades humanas?


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