Jogos Rio 2016 chegam ao fim entre altos e baixos As polêmicas envolvendo a Vila dos Atletas, as instalações esportivas e a mobilidade urbana desafiaram a organização. Por outro lado, os novos pontos turísticos e a animação da torcida brasileira surpreenderam o mundo todo.
 Em duas semanas, os sete anos de 
preparação para a Olimpíada de 2016 foram postos à prova. 
Paula Martini (paula.martini@cbn.com.br)
Enquanto 
atletas  de 42 modalidades brigaram por suas medalhas, a organização dos
 Jogos e a logística da cidade olímpica também acumularam conquistas e 
derrotas. 
As polêmicas envolvendo a Vila dos Atletas, a água verde das 
piscinas e  as filas nos locais de competição marcaram negativamente o 
evento.
Por outro lado, o bom funcionamento dos transportes e a 
programação cultural da cidade melhoraram o mau humor em relação ao 
torneio.
O jogo começou a virar na cerimônia de 
abertura, que arrancou elogios da imprensa internacional. 
Enquanto a 
pira Olímpica queimava no Maracanã, a Pira do Povo foi acesa no 
Boulevard Olímpico.
A revitalização da Zona Portuária transformou o 
local no novo point carioca e revelou uma baía escondida por galpões 
abandonados.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de
 Pesquisas e Estudos do Turismo do Rio de Janeiro mostrou que o 
Boulevard foi a atração mais visitada pelos estrangeiros, ultrapassando o
 Corcovado e o Pão de Açúcar. 
Para o diretor executivo do instituto, 
Bayard Boiteux, os vistantes foram atraídos ao local pela oportunidade 
de interagir com as pessoas da cidade.
- Eu acho que essa vibração do carioca, 
das pessoas andando por ali, é o que atrai o turista.
Ele quer interagir
 com a população anfitriã. E o Boulevard Olímpico é, em todos os países,
 o local onde os turistas transitam muito mais.
O roteiro paralelo aos Jogos também 
levou uma multidão às mais de 50 casas temáticas de países, espalhadas 
por várias regiões do Rio. 
Uma das mais procuradas foi a da Suíça, 
montada na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul. 
Segundo a coordenadora
 de projeto do Baixo Suíça, Cristina Glauser, o local já recebeu cerca 
de 120 mil visitantes, o que surpreendeu a organização. 
- A gente foi surpreendido pela 
quantidade de pessoas que queriam vir. 
Até para nós foi uma grande 
surpresa. A gente bateu recorde de 14 mil pessoas e isso foi inesperado.
Enquanto o Boulevard Olímpico e as casas
 temáticas ficaram lotadas, os clarões em arenas esportivas foram 
visíveis nas transmissões esportivas.
Muitos assentos permaneceram 
vazios durante as competições, apesar de a venda de ingressos ter 
superado as expectativas do Comitê Rio 2016.
A organização atribuiu a 
falta de público à dinâmica dos eventos, que incluem mais de uma 
competição em um mesmo ingresso. 
Além disso, o coordenador de ingressos 
dos Jogos Rio 2016, Donovan Ferreti, diz que muitos torcedores compraram
 entradas só para conhecer as instalações esportivas.
- A gente percebeu isso, principalmente,
 no Parque da Barra.
Nos primeiros dias, era muito comum que as pessoas 
chegassem na bilheteria e perguntassem quais eram os ingressos mais 
baratos, só para ter acesso ao Parque Olímpico.
Dentro das arenas, as vaias causaram 
polêmica.
O francês Renaud Lavillenie chorou no pódio após perder o ouro
 do salto com vara para o brasileiro Thiago Braz, e atribuiu a derrota à
 reação negativa da torcida. 
Mas, se a atitude deixou uma má impressão 
dos brasileiros, a animação e a irrevêrencia do público despontaram como
 ponto alto. 
O empresário Oswaldo Santos assistiu a várias competições e
 disse que a plateia vibrou mesmo em esportes poucos populares no país.
- Eu fui alvo de chacota dos amigos por 
ir ver o tênis de mesa. Mas me surpreendeu bastante porque tinha muita 
gente. Não só chineses e japones, mas muitos brasileiros envolvidos. 
Uma das maiores preocupações era o 
deslocamento de torcedores e delegações até os locais de competição. 
Os 
serviços de transporte criados para o evento ficaram prontos a tempo e o
 trânsito não apresentou transtornos.
Mas, para isso, linhas do metrô e 
do BRT foram fechadas  apenas para o público Olimpíco e a prefeitura do 
Rio decretou quatro feriados. 
O especialista em transportes e professor 
da Universidade do Estado do Rio, Alexandre Rojas, não tem dúvida de que
 os transportes olímpicos são um patrimônio permanente, mas diz que é 
preciso evitar uma 'ressaca olímpica' para que as obras de 
infra-estrutura continuem em andamento.
- É uma esperança e um desejo profundo 
que nós não tenhamos uma ressaca olímpica, que o metrô possa prosseguir. 
O que está se discutindo é uma carência crônica no transporte público 
do Rio de Janeiro. 
Estamos 50 anos sem intervenção.
Então uma pequena 
intervenção será insuficiente pra cobrir a carência grande e anterior. 
O esquema de segurança para o evento 
também desafiou as autoridades. 
O policiamento foi reforçado com mais de
 20 mil homens das Forças Armadas. Mesmo assim, a violência urbana não 
deu trégua. 
Uma bala perdida atingiu o centro de Hipismo, em Deodoro, e 
atletas e torcedores foram assaltados na cidade. 
Mas o episódio mais 
crítico foi a morte de um soldado da Força Nacional, baleado ao entrar 
por engano na Vila do João, favela na Zona Norte do Rio. 
