Poupança tem maior saída de recursos para fevereiro da história

No mês passado, R$ 6,63 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.
No bimestre, retirada somou R$ 18,67 bilhões, também maior da série.

 

Alexandro Martello
 Do G1, em Brasília

A saída de recursos da caderneta de poupança teve continuidade em fevereiro, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (4). 

As retiradas superaram os depósitos em R$ 6,63 bilhões, no que foi a maior saída líquida de valores para meses de fevereiro desde o início da série histórica, em 1995.


Até então, a maior retirada para o mês havia sido registrada em 2015 (-R$ 6,26 bilhões).

O movimento acontece em um cenário de aumento do desemprego, da inflação e do endividamento das famílias, além do fraco nível de atividade econômica.
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, a saída de valores da poupança somou R$ 18,67 bilhões. 

Esta também foi a maior retirada de recursos registrada para os dois primeiros meses de um ano na série histórica, ou seja, em 22 anos, superando o recorde negativo anterior, registrado em 2015 (saída de R$ 11,79 bilhões).

Depósitos, saques e saldo da poupança
 
No mês passado, os depósitos em caderneta de poupança somaram R$ 152,45 bilhões, ao mesmo tempo em que os saques totalizaram R$ 159,08 bilhões. Já os rendimentos creditados nas contas dos poupadores foram de R$ 4,08 bilhões.


Com a forte saída de valores, o volume total aplicado na caderneta recuou. No fim do mês passado, o estoque era de R$ 646 bilhões, contra R$ 648 bilhões em janeiro e R$ 656 bilhões no fechamento de 2015.


Baixo rendimento
Além da economia ruim, a saída de recursos da poupança também tem relação com sua baixa rentabilidade frente a outras modalidades. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic.

Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).


Segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com os juros básicos atualmente em 14,25% ao ano (o maior nível em quase dez anos), as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações.

 A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano.
Além disso, a rentabilidade da poupança, no ano passado, perdeu para a inflação. 

A aplicação, que rendeu 8,15% no ano, não alcançou a inflação do período, de 10,67%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Descontada a inflação, a poupança teve uma perda de poder aquisitivo de 2,28%, de acordo com a consultoria Economatica. 

É o pior resultado desde 2002.
 
Outros investimentos que têm atraído a população são as Letras de Crédito Imobiliário (LCI´s) e as Letras de Crédito Agrário (LCA´s) que são isentas da cobrança do Imposto de Renda, mas que possuem prazo mínimo de 90 dias.

O Tesouro Direto, programa do governo de venda de títulos públicos para pessoas física por meio de corretoras na internet, também tem se mostrado uma boa opção, segundo especialistas. Neste caso, porém, há cobrança do IR.
Poupança pode ser boa opção?
 
Apesar do baixo rendimento, especialistas avaliam que a caderneta de poupança ainda pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos. 


Pode ser uma boa alternativa, por exemplo, para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curtíssimo prazo (poucos meses) ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.

Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto, há cobrança do imposto de renda e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.

 

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