Patriotismo legítimo - Junji Abe, Deputado Federal pelo PSD-SP

 
A distância das pessoas em relação aos rumos da Nação em que vivem mina a cidadania e compromete a evolução da sociedade.

Nos últimos dias, porém, as ruas transformaram-se em palco de manifestações que não se viam há mais de 30 anos.

Como líder rural, muitas vezes, já havia participado de grandes protestos, como a jornada contra a tributação de produtos agrícolas, na década de 70, ou a Marcha para Brasília, por mais atenção à agricultura, nos anos 90.

Como pequeno empresário rural, sou um dos sobreviventes da era da escalada inflacionária. 

Com 72 anos de idade, confesso que as atuais manifestações pacíficas em dezenas de estados me encheram de orgulho.

Gente de todas as idades, de todas as tribos, mobilizada pelas redes sociais, saiu em protesto por um País melhor. Senti o patriotismo legítimo. Longe das vuvuzelas, perto do coração. 

Condeno o vandalismo, os saques, a repressão, enfim, os radicalismos de ambas as partes – de alguns ativistas e policiais –, que são rebentos bastardos em meio ao movimento popular. As vozes das ruas ecoam forte sobre a classe política.

Expõem tumores purulentos que precisam ser extirpados. Mais do que tentar explicar o que aconteceu, vale entender o que não está acontecendo para nutrir tamanho descontentamento do povo.

As mazelas são claras.

Há o transporte coletivo caro e ineficiente, as sérias deficiências da saúde pública, os avanços que não se processam na educação, impunidade dos corruptos, elevados gastos públicos, despesas abusivas com estádios que servirão só ao capricho de sediar a Copa, assistencialismo desmedido em detrimento da capacitação coletiva, a violência generalizada, a ameaça inflacionária e daí em diante.

A culpa também é clara.

Não é de um governante, um partido, um parlamentar. Mas, sim, de todos os políticos e, junto com eles, do sistema político-partidário escroto que admite mecanismos para perpetuação eterna no poder e número excessivo de partidos, entre outros males. Sim, as críticas da população também são para mim. É meu dever representar os brasileiros que foram às ruas exigir um País melhor.

Faço parte do grupo que tem a responsabilidade de ouvir a população para acertar mais.

Só lamento que meus apelos e de outros poucos do Congresso não tenham ainda potência para sensibilizar quem detém o poder da transformação.

Garantindo, por exemplo, parcela maior da arrecadação nacional às cidades, em vez de concentrar quase tudo na União.

Ao mesmo tempo, festejo a participação popular nos movimentos, porque este patriotismo legítimo dá sustentação e amplifica nossa cruzada por mudanças.

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