Governo muda rendimento da poupança para baixar juros

Depósitos feitos a partir desta sexta-feira (4) terão nova regra, vão render 70% da Selic mensal, mais taxa referencial. Regra só valerá quando Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano.

Jornal Nacional
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O governo mexeu nas regras do rendimento da poupança para os depósitos que forem feitos a partir desta sexta-feira (4). Para o dinheiro que já está aplicado, não muda nada. O objetivo dessa medida é permitir a redução da taxa básica de juros da economia brasileira sem que os investidores fujam da renda fixa para a poupança, porque o dinheiro investido em renda fixa é fundamental para o governo financiar suas dívidas.
A presidente Dilma Rousseff aproveitou a posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, do PDT, para reafirmar que reduzir a taxa de juros é uma das prioridades do governo.
“Queremos um país com taxas de juros compatíveis com aquelas praticadas no mercado internacional”, afirmou.
Em reuniões com partidos governistas e representantes de empresários e trabalhadores, a presidente pediu apoio para as mudanças na poupança e, assim, abrir caminho para nova redução nos juros.
A Selic, taxa de juros que é referência para toda a economia, está em 9% ao ano. A equipe econômica fez as contas e concluiu que se a Selic cair para 8,5%, o rendimento da poupança ficaria mais alto do que o da maioria das outras aplicações. Grandes investidores poderiam sacar o dinheiro dos fundos de renda fixa e aplicar na poupança, o que, segundo o governo, traria prejuízos para a economia brasileira.
O dinheiro aplicado nos fundos de renda fixa é usado pelo governo para refinanciar suas dívidas. Os bancos também pegam parte desse dinheiro para emprestar aos clientes.
Hoje, as cadernetas rendem juros mensais de 0,5%, mais a taxa referencial (TR). Para os depósitos já feitos, nada mudará. Os depósitos feitos a partir desta sexta-feira terão nova regra, vão render 70% da Selic mensal, mais a TR. A regra só valerá quando a Selic for igual ou menor do que 8,5% ao ano.
Assim, pela regra atual, uma aplicação de R$ 1 mil na poupança renderia R$ 5,23 em um mês. Com a mudança, e com a taxa Selic em 8,5% ao ano, os mesmos R$ 1 mil renderiam R$ 4,83. Antigos e novos depósitos na poupança continuam com isenção do imposto de renda e rentabilidade mensal.
A oposição criticou a mudança.
“A corda arrebenta do lado mais fraco. São exatamente os pequenos poupadores que pagarão a conta da redução das altas taxas de juros no país. O governo teria outras opções, como reduzir a parte do leão nos fundos e trabalhar também contra as altas taxas de administração cobradas pelos bancos no país”, afirma o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), líder do partido.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que os partidos aliados e sindicalistas apoiaram a mudança e que ela será boa para o país:
“A caderneta de poupança continuará sendo a melhor opção de poupança para a maioria da população brasileira. Sabemos que a população quer crescimento econômico, quer mais emprego e juros mais baixos, e o governo age em direção a isso, mesmo que possa ter um eventual desgaste político”.
Segundo o ministério da Fazenda, em casos de saques da conta da poupança, o dinheiro vai sair prioritariamente do volume depositado mais recentemente, que tem rendimento pela regra nova. Agora, se o saque for maior do que o volume depositado depois da mudança de regra, o dinheiro mais antigo da conta será resgatado.
 

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