Brasil caminha para juros mais baixos da história - Nova poupança é avanço institucional do país


G1 – Thais Herédia – Os caminhos da economia 
O movimento no ciclo econômico vivido pelo Brasil atualmente indica que devemos ter, em breve, os juros mais baixos da história. Para isso, estão juntas “a fome e a vontade de comer”.
A atividade econômica não está como o governo queria, nem como o mercado financeiro esperava. Os dados da produção industrial de março, com queda de 0,5% com relação a fevereiro, surpreenderam. A média das expectativas era para um crescimento de 1,2%.
“Está muito mais fraca do que se esperava. Isso muda muito as expectativas. Muda o ponto de partida e, portanto, o ponto de chegada também. A aceleração esperada para os próximos meses será bem mais branda do que se pensava. Já é seguro afirmar que o PIB pode ficar abaixo de 3% este ano. O que antes era um piso, agora virou um teto para a atividade”, avalia o economista Marcelo Fonseca, da MSafra.
O governo está “caindo na real” de que crescer 4,5%, como quer a presidente Dilma Rousseff, não vai ser possível, nem valendo milagre.  A presidente convocou para reuniões em Brasília empresários, sindicatos, políticos, quem mais possa dar ideias ou sugestões para uma saída mais honrosa para o PIB deste ano.
Do lado do governo, de imediato, há duas coisas possíveis de se fazer: baixar os juros e aumentar gastos públicos para estimular a economia. A segunda parece fora de cogitação, já que abrir os cofres pode comprometer a credibilidade do governo brasileiro em tempos de crise internacional aguda.
Então, ficamos todos com a primeira opção, reduzir o custo do dinheiro para incentivar os gastos dos brasileiros, ou seja, baixar mais ainda os juros.
“Os juros futuros (negociados na BM&F), estão caindo uma barbaridade, porque as pessoas já sabem que a reação (do governo) será através de mais estímulo. O mercado dá como 100% certa uma queda da Selic para 8,5% na reunião do Copom de maio.  E 60% de chances para mais uma redução de 0,5 ponto em julho. Estamos caminhando para a taxa mínima da mínima histórica”, diz Marcelo Fonseca.
Já tem analista no mercado dizendo que os juros podem chegar a 7% se a economia não reagir até o segundo semestre deste ano. A taxa mínima vivenciada pelo Brasil foi de 8,75% ao ano, entre 2008 e 2009.
O governo querendo crescer mais de um lado; do outro, a atividade econômica fraca, bem fraca, num ambiente externo negativo para o Brasil, com o mundo já está comprando menos produtos daqui. Estão aí a “fome e a vontade de comer”.
O prato mais novo do “banquete” será a mudança nas regras de remuneração da poupança, que devem entrar em prática o mais rápido possível. Esse era um dos obstáculos práticos para que os juros continuassem caindo. Se a poupança tiver um rendimento menos atrativo do que os fundos de investimentos privados, mantém-se um equilíbrio do sistema financeiro e da gestão da dívida pública brasileira.
E a inflação? Por enquanto, virou preocupação secundária, até que tudo que está em gestação agora mude efetivamente. Só assim sabermos quem chegou, e como, lá na frente.

Nova poupança é avanço institucional do país


A  mudança nas regras da poupança, anunciada nesta quinta-feira pelo governo, representa um avanço institucional tão ou mais importante do que a liberação dos caminhos para termos juros mais baixos.
O Brasil já pode ter, de forma sustentável, um patamar de juros mais parecido com os praticados no resto do mundo, isto é fato. A poupança, hoje, se colocava como um obstáculo para continuidade da queda da taxa Selic, atualmente em 9% ao ano. Mas ela era também uma distorção da economia brasileira, uma jabuticaba financeira.
Nos últimos 15 anos, pelo menos, os brasileiros aprenderam a modernizar seus investimentos e buscar mais rentabilidade, num ambiente com menor risco, mas algum risco. A caderneta de poupança, apesar de segura, jamais poderia atender a uma demanda por mais rentabilidade num país com taxa de juros tão alta.
A solução encontrada pelo governo surpreendeu por, basicamente, dois motivos: ela preserva os atuais poupadores e evita mais uma indexação da economia brasileira.
Ao atrelar a nova remuneração a uma condição específica, juros menores que 8,5% ao ano, o governo mantem uma flexibilidade necessária para a gestão dos investimentos e um equilíbrio do sistema financeiro.
As especulações sobre a mudança nas regras da caderneta começaram há meses, mas nenhuma das alternativas, antecipadas como possíveis medidas, contemplava a solução apresentada agora pelo governo.
Mexer na poupança já esteve na pauta de governos anteriores, mas mesmo que dependesse da vontade e coragem política dos governantes, o Brasil nunca esteve com a economia em condições, ou necessidade efetiva, de bancar uma mudança.
Dilma Rousseff uniu, como avaliou o comentarista político da Globo News, Gerson Camarotti, um tema delicado a um desejo unânime dos brasileiros: “eu mexo na poupança, mas derrubo os juros para o patamar mais baixo da história brasileira”, diz a presidente à população, que dá a ela altíssimos níveis de aprovação.
A combinação do “timing” com o ambiente atual da economia resulta num corredor de oportunidades para que o Banco Central continue baixando a taxa Selic. O mercado financeiro já dá como certa um queda para 8,5% na próxima reunião do Copom, agora em maio. E considera muito provável que o BC mexa novamente em julho, levando a Selic para históricos 8% ao ano. Não será fácil crescer mais de 3% em 2012 e, reduzir o custo do dinheiro para que os brasileiros gastem mais e as empresas invistam mais, é um instrumento importante e eficiente neste momento.
E a inflação não fica em segundo plano, mas também não se apresenta como o maior obstáculo agora. Se as coisas continuarem no ritmo que estão, com baixa produção industrial, queda nas exportações, por exemplo, a pressão inflacionária pode diminuir.
O mérito da mudança nas regras da poupança não substitui a responsabilidade na gestão da economia brasileira, muito menos no controle da inflação. Mesmo que agora, o dragão pareça adormecido.

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