Indústrias têxteis investem na produção de peças com propriedades antivirais

Diante da urgência imposta pelo novo coronavírus, empresas têxteis do Alto Tietê buscaram formas de manter os trabalhos, ainda que fosse necessário mudar o foco. 

Por G1 Mogi das Cruzes e Suzano

 


Parte delas buscou tecnologias para aumentar a proteção contra o coronavírus, usando tecidos com propriedades antivirais.

Em Biritiba Mirim, empresa que produzia uniformes passou a fazer jalecos, camisetas e máscaras usando tecido desenvolvido após pesquisas.

Antes da pandemia, uma indústria têxtil de Biritiba Mirim era especializada em uniformes. Como a demanda por essas peças diminuiu bastante, foi preciso se adaptar. Há cerca de um mês, o empresário começou a trabalhar com tecidos com propriedades antivirais, que ajudam no combate ao novo coronavírus.

“Esse tecido recebe um tratamento à base de nanopartículas de prata. É um tratamento desenvolvido por uma empresa do interior de São Paulo, aqui de São Carlos, com apoio da Fapesp. Esse tratamento é aplicado no tecido, no acabamento, e isso faz com que, em contato com o tecido, o vírus, em no máximo dois minutos, oxida e é inativado”, explica o empresário Alexandre Magno Marques.

Agora eles fazem jalecos, camisetas e máscaras. O trabalho é intenso para atender aos pedidos. A expectativa é de aumento nas vendas pros próximos meses.

“As aplicações são inúmeras. Em todos os segmentos. Você tem aplicação para o segmento automotivo, escolar, saúde, alimentação e vários outros. Então qualquer outra pessoa, de qualquer segmento, que verifique que existe a necessidade de utilização desse produto, pode entrar em contato com a gente para fazer o projeto”, diz Marques.

Na embalagem da máscara, por exemplo, a empresa afirma que o tecido contém uma fórmula com nanopartículas de prata, capaz de inativar a ação do coronavírus na superfície. A indicação é de que o tratamento antiviral se mantém por 30 lavagens.

Para desenvolver o tecido foi feito um trabalho com uma equipe de médicos, microbiologistas e engenheiros. Os estudos começaram em março e foram concluídos em julho. Segundo os pesquisadores, as formulações aplicadas inativam 99,9% das partículas virais do novo coronavírus.

“A gente começou esse estudo com os vírus do sarampo e da caxumba, por serem vírus que têm a transmissão muito próxima a do Sars-Cov, principalmente porque a gente está enfrentando agora um surto para sarampo. Então esse trabalho é extremamente relevante para a gente responder a sociedade rapidamente no enfrentamento da Covid”, avalia Sheila Barbosa de Lima, chefe do Laboratório de Tecnologia Virológica de Bio-Manguinhos da Fiocruz.

Sheila também diz que são várias as aplicações possíveis. “Pode ser usado para uniformes, lençóis em hospitais e no momento o que a gente está avaliando é se ele suporta lavagem, quantas lavagens esse tecido que tem atividade antiviral é capaz de suportar.”

Mesmo com este tipo de máscara, as outras recomendações também precisam ser seguidas. “Nunca devemos esquecer todas as outras recomendações da OMS, que é o distanciamento social, estar sempre com as mãos lavadas, o uso de álcool em gel”, diz a chefe do laboratório.

Outra empresa em Mogi das Cruzes também está usando a tecnologia dos tecidos antivirais para produzir máscaras. Nos últimos dias, foram produzidas 20 mil unidades.

O empreendedor Jorge Ventura conta que, além de vender o produto, está fazendo doações para organizações sociais e pessoas do grupo de risco, que precisam de proteção maior contra o novo coronavírus.

“Tem um pessoal aí que precisa realmente e tem uma necessidade maior dessa máscara e a gente não vai cobrar. A gente quer fazer negócio? A gente é uma startup que está aqui para movimentar? Estamos, mas a prioridade nesta pandemia não é ganhar milhões em dinheiro com produto desenvolvido para coronavírus. Não é esse o nosso negócio. Não é essa a nossa intenção”, diz Jorge Ventura.
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2020/08/12/industrias-texteis-investem-na-producao-de-pecas-com-propriedades-antivirais.ghtml

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