Portaria publicada no Diário Oficial da União também fixa valor máximo a ser pago pelas famílias nas prestações do imóvel
Presidente Lula e primeira-dama Janja participam de ações do Minha Casa Minha Vida (Foto: Agência Brasil )
247 - O governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma medida que traz importantes mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), beneficiando pessoas que recebem o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A medida principal é a isenção das prestações de imóveis adquiridos por esses beneficiários no âmbito do programa.
Essa isenção se aplica aos contratos realizados nas modalidades subsidiadas com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) e do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). A portaria do Ministério das Cidades, que também define os limites de renda e participação financeira dos beneficiários, traz outras mudanças significativas, segundo reportagem do g1.
Além da isenção de pagamento para alguns beneficiários, a portaria também traz outras alterações no programa. Ela reduz o número de prestações para quitação do contrato, passando de 120 para 60 meses, nas unidades contratadas pelo Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU). Também estabelece a redução da parcela paga pelos beneficiários nos contratos do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), de 4% para 1%.
A portaria fixa valores máximos que cada família pode pagar nas prestações dos imóveis adquiridos no MCMV nas modalidades subsidiadas com recursos do FAR, do FDS e do PNHR, de acordo com a renda familiar. Por exemplo, para famílias com renda bruta familiar de até R$ 1.320, a prestação mensal deverá ser de 10% da renda familiar, com o valor mínimo de R$ 80,00. Para famílias com renda entre R$ 1.320,01 e R$ 4.400, a prestação mensal deve ser de 15% da renda familiar, descontando R$ 66,00 do valor. Em caso de atraso no pagamento das prestações, será aplicada uma taxa de juro de 1% ao mês.
A Caixa Econômica Federal, a instituição financeira responsável pelos contratos do programa, agora tem um prazo de 30 dias para regulamentar essas novas regras e colocá-las em prática. Após esse período, os contratos já firmados e que se enquadrem nas regras da isenção terão as cobranças suspensas, conforme informou o Ministério das Cidades. Essas mudanças buscam tornar o programa mais acessível e eficaz para as famílias de baixa renda, contribuindo para a redução do déficit habitacional e o acesso a moradias dignas.
Presidente nacional do PT irá tratar de uma obstrução coronária no hospital DF Star, em Brasília
Gleisi Hoffmann (Foto: Gabriel Paiva/Fotos Públicas )
247 - A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, será submetida a uma cirurgia neste sábado (30), no hospital DF Star em Brasília para tratar de uma obstrução coronária, identificada durante exames de rotina realizados nessa quinta-feira. "O procedimento é rotineiramente realizado em casos de doença arterial coronária, e refere-se à colocação de um enxerto de mamária e uma ponte de safena, que criam um novo caminho para o sangue fluir até o coração. No momento, a paciente está assintomática e clinicamente bem", diz o boletim médico assinado pela médica Ludhmila Hajjar e pelo médico Allisson Borges.
Em publicação na rede social X (antigo Twitter), Gleisi tranquilizou seus apoiadores e agradeceu pelo carinho recebido. "Olá pessoal, vou passar por um procedimento cirúrgico, resultado de exames que fiz ontem, mas está tudo certo, estou bem e sendo cuidada. Nesse momento, quero agradecer todo o carinho que tenho recebido da militância, companheiros e companheiras que querem notícias, e vamos repassar, e que estão torcendo por mim. Forte abraço", escreveu a parlamentar.
Tony fez do ex-juiz cadáver político, e já estão avançadas as articulações para a eleição suplementar, que poderá ficar polarizada entre Gleisi e Michelle
1k
Gleisi Hoffmann e Michelle Bolsonaro (Foto: Gustavo Bezerra | Isaac Nóbrega)
Depois da petição protocolada por Tony Garcia no STF, em que ele apresenta provas contra Sergio Moro, ganharam força nos bastidores da política em Brasília e no Paraná as discussões sobre as candidaturas ao Senado para preencher a vaga que será aberta com a já dada como certa cassação do ex-juiz. E um nome surgiu entre os pré-candidatos: Michelle Bolsonaro.
Com isso, a eleição suplementar no Paraná poderia ficar polarizada entre a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Michelle Bolsonaro. A eleição poderia ter também as candidaturas de Roberto Requião, caso ele deixe o PT e vá para o Solidariedade, e Álvaro Dias, do Podemos.
Já os demais pré-candidatos identificados com o bolsonarismo, Paulo Martins (PL) e Ricardo Barros (PP), deixariam a disputa por não terem chances contra MIchelle, sobretudo porque a articulação em torno do nome dela teria o apoio do governador Ratinho Júnior, do PSD.
Como na política as discussões começam muito antes do que o eleitor imagina, ao abraçar a candidatura de Michelle, Ratinho Júnior espera abrir uma porta com Bolsonaro, para que seja o candidato a presidente da direita e extrema direita em 2026.
A pelo menos dois interlocutores, Ricardo Barros confirmou que há tratativas para que Michelle Bolsonaro transfira o domicílio eleitoral para o Paraná e fique em condições de disputar as eleições para o Senado, que poderá ser realizada simultaneamente à de prefeitos e vereadores, no ano que vem.
Publicamente, Ricardo Barros não confirma. "Nao tenho essa informação. Mas (ela) poderia (ser candidata) no Paraná, Santa Catarina e Rondônia, onde devem ser cassados senadores. Eu disputarei para o Senado no Paraná, o candidato do PL aqui é Paulo Martins", disse ao 247.
Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados entre 2020 e 2022, atualmente é secretário da Indústria, Comércio e Serviços do governo de Ratinho Júnior. Ele não quis responder se manteria a candidatura ao Senado na hipótese de Michelle se candidatar.
Mas deu uma pista de que as conversas estão ocorrendo. Na semana que vem, ele terá uma reunião com Jair Bolsonaro, e não quis dizer qual será a pauta do encontro.
Moro já é um cadáver político, e sua presença no Senado exala mau cheiro. Com fama de traíra, nenhuma liderança política relevante se apresentou para defendê-lo, e agora até os cúmplices de 2018, como os Bolsonaros, têm pressa na remoção da carniça.
continua após o anúncio
.x.x.x.
Abaixo a mais recente entrevista de Tony Garcia ao 247:
ELES GOSTAM DE QUEBRAR A CARA. DEPUTADOS BOLSONARISTAS QUEREM RASGAR CONSTITUIÇÃO E ANULAR O STF. Vão quebrar a cara e perder muito tempo.Enquanto isso, economia do Brasil começa a entrar nos debates.
Dívida pública : como bancos recebem 180 bilhões de juros e ninguém vê?
Parlamentar parte de um grupo de "insaciáveis glutões da República"
Lula e Lira (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
247 – O jornal Estado de S. Paulo apontou, em editorial, que o presidente Lula age corretamente ao resistir às investidas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), por cargos públicos. "Nada parece saciar a voracidade do Centrão por sinecuras. Isso seria um problema exclusivo de Lula, não fosse o fato de que a chantagem de um grupo de parlamentares prejudica todo o País", aponta o texto.
"Uma pergunta se impõe: o que afinal saciará a voracidade do Centrão, em particular do grupo chefiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por cargos e recursos públicos? Qual seria esse ponto de equilíbrio em que a mágica acontece, isto é, o que ainda precisa ser entregue aos glutões da República para que estes se deem por atendidos em suas exigências, nem sempre inspiradas pelo melhor interesse público?", questiona ainda o editorialista.
"O País agora parece ter entrado de vez no presidencialismo do esbregue, em que o governo é chantageado à luz do dia, sem qualquer constrangimento e com um grau de agressividade típico das máfias. Isso obviamente nada tem a ver com política. É extorsão", prossegue. "Lula (ou qualquer outro presidente) pode criar dezenas de Ministérios e escancarar porteiras em apetitosas autarquias, mas nada disso parece suficiente para essa turma – que, na hora do voto, nem lembra que é base do governo", finaliza.
A massa salarial é a soma de todos os rendimentos dos brasileiros empregados. Índice subiu 2,4% em relação ao trimestre anterior e 5,5% em comparação com o mesmo período de 2022
Fernando Haddad (gravata azul) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: ABR)
247 - No trimestre encerrado em agosto, a soma de todos os rendimentos dos brasileiros empregados, ou seja, a "massa salarial" do país, atingiu um marco histórico em termos reais, alcançando a cifra de R$ 288,9 bilhões. Esse valor representa um aumento de 2,4% em relação ao trimestre anterior (encerrado em maio) e um crescimento de 5,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme anunciado pelo IBGE nesta sexta-feira (29). >>> Desemprego no Brasil recua a 7,8% e atinge menor nível desde fevereiro de 2015
Esse notável crescimento está correlacionado com a diminuição da taxa de desemprego, que registrou mais uma queda, chegando a 7,8%, uma redução de meio ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Isso marca o nível mais baixo de desocupação desde fevereiro de 2015. >>> Renda média dos trabalhadores avança no último trimestre, aponta IBGE
O mercado de trabalho está se beneficiando do aquecimento econômico que superou as expectativas, diante de um contexto de inflação em declínio. Além disso, o aumento nos benefícios sociais contribuiu para reduzir a busca por vagas de emprego, criando uma competição mais acirrada por profissionais qualificados. >>> Brasil alcança menor índice de trabalhadores subutilizados desde 2016
continua após o anúncio
O economista André Perfeito, ouvido por Míriam Leitão, do jornal O Globo, observa que o desempenho positivo em agosto sinaliza a possibilidade de uma expansão ainda maior do PIB em 2023 do que o inicialmente previsto. Atualmente, ele estima um crescimento de 3% na atividade econômica, mas está aberto a revisar essa projeção para cima se outros indicadores continuarem a apontar para uma economia robusta. "Chama a atenção o comportamento da massa salarial real habitual, que continua subindo e mais uma vez bate recorde. Isso indica mais uma vez que o PIB deste ano deve avançar de maneira mais significativa".
Ridauto Fernandes é investigado na operação que visa identificar participantes dos atos golpista de 8 de janeiro, em Brasília (DF), quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas que promoveram violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos daquelas instituições.
Na investigação, Ridauto Fernandes é considerado executor e possivelmente um dos idealizadores dos atos golpistas.
Ridauto e Pazuello
Ele era conhecido ainda por fazer parte de um grupo específico dentro das Forças Especiais do Exército Brasileiro: os “kids pretos”. Nomes como o de Ridauto e Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, eram integrantes.
O termo é usado como apelido para referir-se aos militares (de ativa ou não) que se especializam em operações especiais do Exército, com foco nas ações de sabotagem e incentivo em revoltas populares (ou “insurgência popular”), que não chegam a se transformar em guerra civil. Investigações da PF apontam participação de Ridauto.
O apelido “kids pretos” também é referência às Forças Especiais, que compõem a elite de combate do Exército.
Enquanto estava na ativa, Ridauto integrou as Forças Especiais do Exército Redes sociais/Reprodução
General Ridauto envolvido nos atentados do 8 de Janeiro e investigado pela Lesa Pátri Redes sociais/Reprodução
Ridauto é ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde durante a gestão Eduardo Pazuello Exército Brasileiro/Sr. Charles/Divulgação
Enquanto estava na ativa, Ridauto integrou as Forças Especiais do Exército Redes sociais/Reprodução
General Ridauto envolvido nos atentados do 8 de Janeiro e investigado pela Lesa Pátri Redes sociais/Reprodução
A nova fase da Operação Lesa Pátria busca justamente identificar os militares que possivelmente integrariam as FE do Exército, cuja análise e apuração da revista Piauí afirmaram, no começo do ano, que teriam envolvimento no início da invasão às sedes da praça dos Três Poderes, durante os ataques golpistas de 8 de janeiro.
Matheus Veloso/Metrópoles
Bolsonaristas ocupam o Congresso Nacional Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Bolsonaristas invadiram sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro Matheus Veloso/Metrópoles
Matheus Veloso/Metrópoles
Bolsonaristas ocupam o Congresso Nacional Matheus Veloso/Metrópoles
No dia 8 de Janeiro, milhares de pessoas entraram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF. A estimativa é que os danos causados ao patrimônio público no dia em questão cheguem ao valor de R$ 40 milhões.
General ligado a Pazuello
Ridauto é ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde durante a gestão Eduardo Pazuello, de quem é próximo. Ele foi nomeado para o cargo em julho de 2021 e ficou até o fim do governo Jair Bolsonaro.
O general assumiu o cargo na pasta no lugar de Roberto Dias Ferreira, exonerado do posto após ser acusado de pedir propina para fechar um contrato para compra de vacina contra Covid-19 durante a pandemia. Saiba mais sobre o general.
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem perdido a fidelidade de políticos aliados e seu núcleo ideológico tem ser revoltado com a independência de outros nomes da direita. Figuras como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Tereza Cristina (PP-MS) têm defendido dissociar o espectro político da personalidade do ex-mandatário. A informação é do Estadão.
A maioria desses políticos tem sofrido agressões como resposta. É o caso de Zema, que afirmou que é necessário “unir a direita” durante evento do CPAC em Minas Gerais no último sábado (23). O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) reclamou, dizendo que políticos estão “usando o Bozo”, e Fábio Wajgarten, advogado e assessor do ex-presidente criticou a fala.
“Muito bacana esse papo de unir a direita, mas quando se olha a realidade, quem propaga não mexe uma palha pela tal ‘Direita’. Não pergunta. Não oferece ajuda. Não articula. Finge de morto. Típico gafanhoto”, disse Wajngarten.
Tarcísio também tem sofrido ataques depois de dizer, em propaganda, que o Republicanos é o verdadeiro partido conservador no Brasil. A declaração gerou incomodo no núcleo ideológico de Bolsonaro. O governador de São Paulo já havia sido atacado anteriormente ao defender a reforma tributária e aparecer em foto ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira virou alvo do grupo em junho. Ele também é presidente do Republicanos e queria afastar a sigla de Bolsonaro, dizendo que o ex-presidente está isolado. Carlos não gostou da ideia e reclamou: “Essa raça aumentou a bancada e o poder devido às palavras e ações do presidente Jair Bolsonaro”.
Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro e atualmente senadora, ela quer fortalecer uma candidatura à presidência para 2026. Ela tem se reunido com empresários de direita que não compactuam com o bolsonarismo, mas ainda não foi atacada pelo núcleo porque o ex- presidente necessita do apoio do agronegócio, que respeita a parlamentar. https://www.diariodocentrodomundo.com.br/aliados-se-afastam-de-bolsonaro-e-sofrem-ataques-de-seu-nucleo-radical/
Giovanna Galvani, Paulo Roberto Netto e Anna Satie Do UOL, em São Paulo e em Brasília
22/09/2023 20h06
Atualizada em
29/09/2023 09h57… -
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou por unanimidade um recurso da defesa de Jair Bolsonaro (PL) contra a inelegibilidade do ex-presidente, decidida pela mesma corte em junho.
O que aconteceu
Recurso foi rejeitado por unanimidade. Votaram contra os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Raul Araújo, Benedito Gonçalves, Ramos Tavares e Floriano de Azevedo.
Os ministros já tinham formado maioria para recusar o pedido do ex-presidente na última sexta (22). O julgamento terminou às 23h59 desta quinta (28).
O que diz a defesa de Bolsonaro
Os advogados do ex-presidente afirmavam, no recurso enviado, que o TSE cerceou a defesa e que algumas questões levantadas ao longo da ação não foram devidamente discutidas durante o julgamento.
Era questionado, por exemplo, o indeferimento do depoimento de Eduardo Gomes da Silva, coronel da reserva que participou da live em que Bolsonaro atacou o sistema eleitoral, em julho de 2021.
Também eram questionadas a inclusão de provas, como documentos enviados pela Casa Civil do governo Lula (PT).
Recurso negado antes de mudança no TSE
A preocupação maior do PDT, partido que moveu a ação contra o ex-presidente, era que o julgamento fosse feito após a saída de Benedito Gonçalves. O ministro deixa o TSE em novembro e passará o cargo de corregedor-geral eleitoral para Raul Araújo, que é mais simpático a Bolsonaro.
A rejeição no TSE abre caminho para a defesa do ex-presidente questionar a inelegibilidade perante o STF. A expectativa do PDT é que, com o recurso rejeitado pelo TSE e depois pelo STF, a possibilidade de Bolsonaro recuperar a elegibilidade se tornará inexistente.
Imagem da planta da usina da dessalinização em Fortaleza Imagem: Reprodução
O governo cearense afirma que não há mais como mudar o local da obra e que não há qualquer risco; já as empresas dizem que se não houver relocação há um risco de "apagão" de internet no país. O governo federal vê o impasse com grande preocupação.
Por que em Fortaleza?
A capital cearense possui uma logística estratégica para o setor por estar mais próxima dos Estados Unidos, onde está o grosso dos dados de internet do mundo.
Conteúdo UOLMapa mostra cabos que chegam a Fortaleza Imagem: Submarinecablemap.com
A obra pode gerar apagão de internet no país porque não está se colocando uma usina onde tem um cabo, mas onde tem um hub todo! Hoje, ninguém pensa em chegar com internet no Brasil por outro caminho que não seja o de Fortaleza.
Luiz Henrique Barbosa, presidente executivo da TelComp, entidade que representa operadoras de telefonia, banda larga e acesso à internet; TV por assinatura e data centers
Em caso de um dano de cabo, por exemplo, um conserto pode levar semanas, diz Luiz, o que causaria nesse período no mínimo uma redução de tráfego de dados.
Ele também afirma que o setor não vê problema em ter a usina na cidade, mas questiona a escolha do local.
Se a gente voltasse 20 anos e já tivesse a usina, nenhuma companhia escolheria colocar cabo lá porque haveria unidade industrial. Essas áreas são escolhidas justamente por serem ideais para investimentos. Falamos de valores bilionários.
Luiz Henrique Barbosa
Data center da Angola Cables, em Fortaleza Imagem: Rogerio Lima/Governo do Ceará
Projeto já foi alterado
Inicialmente, o projeto previa os dois dutos de captação e emissão dos resíduos instalados a uma distância de 40 e 50 metros dos cabos. Atendendo a solicitação do setor, o governo cearense ajustou, e hoje a obra prevê dutos com distâncias superiores a 500 metros.
Entretanto, Luiz diz que só isso não é suficiente para dar segurança porque haverá cruzamento de dutos na área terrestre. "Estamos falando de obra em escala industrial", cita.
Em média, esses cabos submarinos têm uma vida útil de 20 a 25 anos. Os primeiros que chegaram a Fortaleza estão em sua fase final e devem ser substituídos em breve. Mas há outros mais recentes, que estão no início de operação. Há ainda três projetos de novos cabos para chegar no Brasil que estão em andamento.
Para ele, se a obra for feita mesmo no local, Fortaleza será deixada de lado, e os empresários vão buscar outros pontos.
Hoje, Fortaleza é um parque tecnológico, e isso levou diversas empresas a se instalarem lá. São mais de 40 mil empregos diretos. Causa um desconforto muito grande fazer o projeto lá; de alguma forma, macula a região. O governo está colocando tudo a perder por um projeto mal concebido.
Luiz Henrique Barbosa
Praia do Futuro, em Fortaleza Imagem: Ministério do Turismo/Divulgação
Governo do Ceará não vê risco
O presidente da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), Neuri Freitas, afirma que, primeiramente, a reclamação das empresas ocorre fora de hora, visto que projeto começou a ser estudado em 2017, passou por debates, consultas e audiências públicas.
Agora, quando a gente tem a licitação concluída e a ordem de serviço emitida, as empresas falam que não pode ter a obra lá? É intempestivo.
Neuri Freitas
Ele lembra que o governo cearense já mudou o projeto atendendo a empresas e mudando o local dos dutos. Para isso, usou como referência dados internacionais que orientam uma distância de pelo menos 500 metros. "A distância hoje é de mais de 560 metros."
Somente para alterar isso no projeto, diz que o governo precisou refazer estudos, o que atrasou o início da obra em um ano e elevou os custos da planta em R$ 35 milhões.
Uma obra distante de Fortaleza necessitaria fazermos uma adutora para trazer a água, e isso custaria muito mais. Hoje a planta está orçada em R$ 520 milhões, e esse valor poderia subir 30%. E mesmo assim não adiantaria, porque a tubulação tem de entrar na cidade.
Neuri Freitas
Sobre o cruzamento de cabos na área terrestre, Neuri afasta qualquer risco. Diz que no local já há, por exemplo, tubulação de 1.000 milímetros de espessura, que é do tamanho que será colocado na área terrestre.
Esse argumento é absurdo. Hoje quem entrega água e coleta esgoto para os data center somos nós. Já há obras e interferência de dutos, não só nossos, mas de gás e de energia, além de um gasoduto da Petrobras. O que parece é que eles querem a praia do Futuro só para cabos de fibra ótica, uma reserva de mercado.
Neuri Freitas
Governo federal acompanha
A coluna procurou a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que afirmou que acompanha o caso e promoveu um evento em Fortaleza esta semana para debater a obra e a importância dos cabos.
Lembra que o Decreto n.º 9.573/2018, que institui a Política Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas, protege instalações e sistemas "cuja interrupção ou dano, total ou parcial, resulta em sérios impactos nas esferas social, ambiental, econômica, política, internacional e na segurança do Estado e da sociedade."
Já o Ministério das Comunicações diz que "está atento e acompanha de perto a discussão a respeito da construção da usina".
Também está ciente do receio das entidades e defende que "qualquer situação que gere impacto deve ser profundamente discutida, analisada e avaliada para a construção das melhores soluções para a preservação do hub internacional de Fortaleza."
Atuam nas discussões, o MCom, a Anatel, a SPU [Secretaria de Patrimônio da União], a Marinha, o governo do Ceará, além dos consórcios que operam os cabos, as entidades do setor, no sentido de construir um ambiente seguro e sem riscos para as infraestruturas.
Já o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal também disse à coluna que acompanha as discussões e as empresas manifestam preocupação com os riscos apontados pela área técnica da Anatel.
As empresas reforçam ainda a importância de se manter a integridade dos cabos submarinos para a disponibilidade de todo ecossistema de telecomunicações do nosso país e manutenção da comunicação do Brasil na internet.
Camilo Santana (PT), então governador do CE, assinou em julho de 2021 ordem de serviço para construção da usina de dessalinização Imagem: José Wagner/Governo do Ceará
Sobre a obra
A usina está em fase de espera de licenciamento ambiental e liberação da SPU e a empresa vencedora da PPP (parceria público-privada) fará um investimento de R$ 520 milhões na planta, mais R$ 2,5 bilhões para manutenção e operação do sistema por 30 anos.
A obra vai fornecer água para abastecer cerca de 700 mil pessoas da capital, mas deve ajudar todo o estado, já que a água que abastece a capital cearense —que não tem mananciais— vem do interior.
Errata:
o conteúdo foi alterado
Diferentemente do informado em parte da reportagem, o investimento previsto na construção da usina de dessalinização é de R$ 520 milhões, e não bilhões. O texto foi corrigido.
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.