SOBERANIA
Lula manda recado firme a Trump com artigo histórico no New York Times:
"Soberania não é negociável"
Por Ivan Longo
Escrito GLOBAL 14/9/2025 · 13:27 hs
O texto, escrito em inglês, foi uma resposta direta às recentes ameaças e retaliações do governo Donald Trump contra o Brasil, após a condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Logo na abertura, Lula deixa claro o objetivo de seu gesto político: estabelecer um diálogo "aberto e franco" com Trump, mas sem abrir mão de princípios fundamentais.
O presidente brasileiro reafirmou que a soberania do Brasil não está em negociação.
"Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta", escreveu.
O artigo rebate de forma dura as acusações de Trump de que o processo judicial contra Jair Bolsonaro tenha sido uma "caça às bruxas".
Lula lembrou que a condenação de Bolsonaro foi fruto de meses de investigação da Polícia Federal e de um processo conduzido em estrita conformidade com a Constituição de 1988.
"Não foi uma 'caça às bruxas'. A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. Isso ocorreu após meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do Supremo Tribunal Federal", afirmou.
Lula acrescentou ainda: "As autoridades também descobriram um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022."
Contra tarifas e chantagens de Trump
O presidente também denunciou as tarifas de 50% impostas por Trump sobre produtos brasileiros como uma medida sem base econômica, mas com clara motivação política: a tentativa de proteger Bolsonaro da responsabilização por seus crimes.
"A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política. O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa frustrada de golpe em 8 de janeiro de 2023", escreveu Lula.
Ele também rejeitou as acusações de que o Brasil persegue empresas de tecnologia americanas:
"Todas as plataformas digitais, sejam nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil."
E reforçou:
"É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes."
Sobre o sistema de pagamentos brasileiro, o Pix, Lula foi categórico:
"Ao contrário de prejudicar operadores financeiros dos EUA, o sistema de pagamentos digitais brasileiro, o Pix, possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita transações e estimula a economia."
Em tom altivo, Lula reconheceu que os EUA buscam reindustrialização e geração de empregos, mas afirmou que medidas unilaterais não resolvem os problemas criados pelo receituário neoliberal.
"Recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado", escreveu, defendendo o multilateralismo como caminho justo e equilibrado.
No encerramento, evocou uma fala do próprio Trump na ONU em 2017:
"'Nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo'."
E concluiu: "É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos."
https://revistaforum.com.br/global/2025/9/14/lula-manda-recado-firme-trump-com-artigo-historico-no-new-york-times-soberania-no-negociavel-187664.html