Não basta condenar Jair Bolsonaro e um punhado de generais cúmplices
O julgamento da tentativa de golpe de 2022 é histórico, mas corre o risco de se transformar em apenas um ritual de punição simbólica se o país não encarar a raiz do problema: as Forças Armadas.
Não basta condenar Jair Bolsonaro e um punhado de generais cúmplices. Sem mudanças profundas, o Brasil seguirá refém de uma instituição que insiste em se enxergar como tutora da República, posicionando-se acima do povo e da Constituição.
O que se vê agora no Supremo é só a face mais visível de um conflito que atravessa nossa história recente: a insistência da farda em ocupar o espaço da política.
É preciso reconhecer que a origem desse problema está na formação dos militares.
As academias ainda tratam 1964 como ato redentor, não como ruptura democrática.
Oficiais seguem sendo formados em um ambiente onde memoriais e celebrações à ditadura se mantêm como referência.
Isso equivale a ensinar que a Constituição é descartável e que a democracia é um adereço que pode ser suspenso conforme conveniências.
