Alckmin rebate EUA e defende Pix: ‘O problema é tarifário, não tecnológico’
Alckmin rebate EUA e defende Pix: ‘O problema é tarifário, não tecnológico’
O vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, reagiu, nesta quarta-feira (16), à abertura de uma investigação comercial pelos Estados Unidos contra o Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Segundo Alckmin, o foco do impasse entre os dois países não está no Pix, o qual classificou como um “sucesso mundial”, mas nas tarifas comerciais impostas pelo governo do presidente Donald Trump.
“O que nós precisamos resolver é a questão tarifária. O Pix é um sucesso”, afirmou o ministro, ao comentar a suspeita norte-americana de que o sistema brasileiro possa gerar desvantagens competitivas para empresas financeiras dos EUA.
Para Alckmin, trata-se de mais um episódio em que interesses pontuais se sobrepõem ao interesse coletivo. “É um perde-perde”, completou.
Alckmin lembrou que o Brasil já enfrentou outras investigações comerciais dos EUA no passado e que, com diálogo e transparência, os processos foram encerrados.
Desta vez, o governo brasileiro já havia encaminhado, em 16 de maio, uma proposta confidencial a Washington para rever pontos tarifários. Sem resposta, um novo documento foi enviado nesta semana, assinado por Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, reforçando o pedido por negociação.
Alckmin: governo aposta no diálogo
O governo aposta no reforço do diálogo com o setor privado americano para avançar na revisão das tarifas, sem solicitar extensão de prazos. Empresários reunidos com Alckmin manifestaram apoio à diplomacia comercial.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), representada por Abrão Neto, também se posicionou a favor de uma solução negociada e alertou para o risco de contaminação política nas relações comerciais.
Desde ontem (15), Alckmin tem realizado reuniões com representantes de empresas, muitas delas multinacionais, para discutirem, juntos, uma saída ao tarifaço de Trump. Entre os presentes nos encontros estão representantes de multinacionais norte-americanas, como Coca-Cola, General Motors, Johnson & Johnson, Cargill, Amazon e Caterpillar, entre outras.
A expectativa do governo brasileiro é que a pressão do setor privado dos EUA contribua para reverter as medidas anunciadas por Trump.
Exportações brasileiras
No centro da crise está um tarifaço de 50% sobre todas as exportações brasileiras, anunciado por Trump em carta enviada ao presidente Lula no último dia 9. No texto, o líder republicano justificou a medida com alegações infundadas, incluindo críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) e acusações ao Brasil de “violar a liberdade de expressão” dos americanos.
Lula respondeu com firmeza e afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”. A elevação das tarifas, segundo o presidente, será enfrentada com base na Lei da Reciprocidade Econômica. Mas o governo busca uma saída diplomática antes de aplicar a lei.
A crise comercial reacende preocupações sobre o impacto das tarifas no setor exportador brasileiro, especialmente em segmentos como aço e alumínio, já sujeitos a altas taxas, e o agronegócio.