Clã Bolsonaro permanece em silêncio sobre prisão de Braga Netto

O ex-presidente e seus filhos não se manifestaram sobre a prisão do aliado 

247 - Horas após a prisão do general Walter Braga Netto em uma operação da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece quase em silêncio. Até o momento, nem Bolsonaro nem seus filhos — o senador Flávio Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro — se manifestaram publicamente sobre a prisão de Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.

De acordo com levantamento realizado pelo Globo com base em publicações nas redes sociais até as 14h deste sábado (14), apenas vinte parlamentares do PL — 18 deputados e dois senadores — se pronunciaram em defesa do general, destacando a polarização do apoio dentro do próprio partido. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, embora tenha dado uma coletiva de imprensa em São Luís (MA) pela manhã, preferiu não comentar a prisão de Braga Netto, adotando uma postura mais comedida em relação ao tema, algo incomum para figuras próximas de Bolsonaro, que em outras ocasiões não hesitaram em se posicionar enfaticamente para defender aliados.

Entre os que se manifestaram, a narrativa predominante é a de que a Polícia Federal estaria agindo de forma persecutória contra os aliados de Bolsonaro. O próprio Braga Netto foi preso após ser indiciado no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, envolvendo a articulação para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.

No Senado, apenas dois senadores do PL se pronunciaram sobre o caso. Jorge Seif (SC) sugeriu que a operação teria como objetivo desviar a atenção do estado de saúde do presidente Lula (PT), que passou por uma cirurgia no cérebro nesta semana. Já Marcos Rogério (RO) defendeu a inocência de Braga Netto, afirmando que o general não representava nenhum risco para as investigações em andamento. 

Na Câmara dos Deputados, a reação de membros da bancada bolsonarista foi mais incisiva. A deputada Bia Kicis (DF) afirmou que o verdadeiro "golpe" seria contra a população, que, segundo ela, teria perdido a "liberdade de questionar o sistema". Em um tom mais pessoal, o deputado Bibo Nunes (RS) escreveu nas redes sociais que conversou diversas vezes com Braga Netto e que ele "jamais falou em golpe de Estado".

Outros parlamentares, como Gustavo Gayer (GO), foram mais enfáticos em tentar deslegitimar as acusações contra o general. Gayer classificou a prisão como motivada por "fofoca" e questionou o nível das investigações. "Estão prendendo um general de quatro estrelas, um cara honrado e honesto, por fofoca. Olha o nível que a gente chegou. Não sei porque tem tanta perseguição a supostos golpistas quando estamos vivendo um golpe. Prender um general de quatro estrelas deveria ocorrer apenas quando as provas são irrefutáveis, o que não aconteceu", disse Gayer.

O tom crítico também foi compartilhado por outros aliados, como o deputado Coronel Meira (PE), que afirmou que a prisão de Braga Netto ocorreu "supostamente por uma tentativa de golpe de Estado que nunca aconteceu". Na mesma linha, o deputado Delegado Caveira (PA) se posicionou afirmando que a direita está sendo "caçada" no país.

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