Maior avião de combate ao fogo do país inicia operação em SP após melhora de visibilidade


Maior avião de combate ao fogo do país inicia operação em SP após melhora de visibilidade

Por Mariana Brasil e João Gabriel

(Folhapress) — O maior avião do país para o combate ao fogo começou a ser usado contra as queimadas em São Paulo apenas nesta segunda-feira (26) devido à baixa visibilidade causada pela fumaça no final de semana.

O KC-390, capaz de transportar 12 mil litros de água, foi cedido pela Força Aérea Brasileira após diálogo entre a Defesa Civil e o governador do estado, Tarcísio de Freitas para que fossem disponibilizados aeronaves e helicópteros.

No entanto, a aeronave não pôde ser usada até a manhã desta segunda, quando a visibilidade melhorou e permitiu a atuação na região de Ribeirão Preto.

As informações foram divulgadas nesta segunda por representantes da Defesa Civil, do Ministério da Saúde e do Meio Ambiente.

A Defesa Civil informou que a umidade e as chuvas de domingo serviram para acabar com a maioria dos focos, e que os pontos restantes estão sendo combatidos com a atuação da aeronave e do Exército Brasileiro.

“O KC começou a atuar hoje, já foi possível atuar. Mas principalmente, há os equipamentos e os soldados da FAB que estão no combate fazendo esse aceiros de proteção próximas à cidade e à reserva ecológica”, afirmou o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff.

Presidente do Ibama (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis), Rodrigo Agostinho, afirmou à reportagem que a situação está, no momento, controlada, mas que o período de seca deve durar pelo menos até o fim de outubro e novos incêndios são esperados.

“A frente fria e a chuva ajudaram, choveu em regiões com focos de fogo. A estrutura que São Paulo tem é a melhor da América do Sul, então de fato se controlou a situação”, disse.

“Mas vamos monitorar, porque quarta-feira deve entrar uma onda de calor em todo o Brasil, e sabemos que a temporada de seca vai até outubro, então teremos mais 60 dias muito intensos”, completou.

Em sua fala, Wolff lembrou a estiagem registrada no Rio Grande do Sul e na região amazônica em 2023, o que levou a Defesa Civil a se preparar para cenários semelhantes nesses estados, fazendo reuniões com governadores na época. Por outro lado, os incêndios em SP foram considerados “uma surpresa”.

“Esse ano [2024] já tínhamos informações de que a estiagem seria ainda pior do que o ano passado, a pior da história. Então nos preparamos”, afirma Wolff. “Fomos pegos de surpresa com os incêndios em São Paulo no sábado e domingo”.

As origens dos incêndios ainda estão sendo investigadas pela Polícia Federal, que abriu dois inquéritos neste domingo (25) para investigar suspeita de ação criminosa. A informação foi repassada no domingo pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Segundo a ministra, o fato de os incêndios em São Paulo se intensificarem em dois dias é um sinal de ação humana, posição que foi reforçada nesta segunda pelo secretário da Defesa Civil.

“Tem a estranheza do aumento repentino de focos de incêndio, muitos deles concentrados em lavouras de cana”, disse Raoni Rajão, diretor do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério. “São elementos que estão em investigação. As dinâmicas são muito diferentes de acordo com a região”.

Uma exposição mais prolongada à fumaça, com um episódio de duração de 2 a 4 dias já se torna mais sério para a população, de acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares.

No anúncio desta segunda, ela reforçou a recomendação de que os municípios considerem o risco prolongado e avaliem a manutenção da suspensão das aulas. “Não é a hora de correr, brincar, pular corda”, disse.

De acordo com ela, o principal é evitar saídas de casa desnecessárias, exercícios físicos ao ar livre, entre outras atividades de exposição. O cuidado deve ser redobrado para crianças, idosos e pessoas com comorbidade.

A diretora afirmou ainda que a pasta recomenda o uso de máscara ou outras formas de proteção para reduzir o número de partículas em contato com as vias respiratórias. A associação da baixa umidade com a poluição do ar causa desconforto, sendo necessário reduzir o tempo de exposição.

Estado de emergência por causa do fogo

O secretário explicou que o estado de São Paulo ainda não está com o estado de emergência decretado porque os dados ainda estão sendo registrados pelos municípios.

“Ontem tínhamos a informação de que 51 municípios do estado estavam informando. Hoje já são 56, mas as informações ainda não foram completadas pelo sistema. Enquanto não conclui, não dá para decretar o estado de emergência”, explica Wolff.  

A partir do momento em que os municípios decretam seus estados de emergência, o estado informa e solicita ao governo federal, o que ainda deve ser feito.

https://iclnoticias.com.br/maior-aviao-de-combate-ao-fogo-operacao/

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