'Milei quer saquear a Argentina, mas não vamos permitir': trabalhadores explicam razões da greve
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PARALISAÇÃO
O Brasil de Fato conversou com dirigentes sindicais argentinos de categorias que aderiram à paralisação desta quarta
Milei sabe que está correndo contra o relógio. Todos os economistas apontam que março será um mês particularmente difícil, quando as medidas mais fortes do ajuste econômico começarão a ser sentidas pela população. Faltando apenas algumas horas para o início da greve, na madrugada desta quarta-feira, o governo apressou as negociações no plenário das comissões de deputados para assinar um acordo de maioria que permite a tramitação de seu ambicioso projeto de lei geral no Congresso. Dessa forma, o megaprojeto ficou habilitado para ser debatido no Congresso para sua aprovação ainda nesta semana.
Apesar de ser minoria parlamentar, a extrema direita conseguiu o parecer majoritário com a colaboração da autodenominada "oposição aberta ao diálogo". No entanto, das 55 assinaturas do projeto, 34 foram feitas em "dissidência". Se o projeto for aprovado, o governo deve reduzir sua dependência da "oposição aberta ao diálogo", pois entre as várias medidas que pretende aprovar, está a concessão de poderes extraordinários que permitiriam ao Executivo legislar sem passar pelo Congresso.
"Não podemos permitir que a destruição de nossos direitos e a total desregulamentação da economia em favor dos setores econômicos, como pretendem fazer, sejam validadas", diz Agustín Lechi, secretário geral do Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (SIPREBA).
O dirigente sindical, que também cruzou os braços nesta quarta-feira, disse ao Brasil de Fato que a imprensa do país tem um papel importante neste momento político. O megaprojeto de Milei pretende privatizar várias empresas públicas do país, incluindo o sistema público de mídia. O principal argumento do governo para essa política é que essas empresas são deficitárias e que sua privatização levaria a uma melhora nas contas públicas. Entretanto, de acordo com o Centro de Economia Política da Argentina (CEPA), em 2023 as empresas públicas de mídia só representarão um investimento de 0,017% do PIB.
"Historicamente, defendemos o direito de todos os argentinos ao acesso à informação e à comunicação. E é a mídia pública que garante que a informação chegue a todo o país. São elas que garantem a transmissão de eventos de interesse público gratuitamente ao nosso povo. Esse é um papel social que não pode ser substituído por empresas privadas".
Lechi explica que, embora esse seja um dos motivos específicos pelos quais a SIPREBA está se mobilizando, o slogan "a pátria não está à venda" tem a ver com todo o plano econômico do governo. "Em resumo, o que o governo está tentando fazer é subjugar a soberania do nosso país. Ele pretende desregulamentar toda a proteção de nossos ativos naturais. Eles querem desregulamentar totalmente o comércio exterior em detrimento de nossa produção. Chega ao ponto de permitir que os estrangeiros comprem a quantidade de terras argentinas que quiserem, sem nenhum limite", disse.
A medida de luta dos trabalhadores argentinos alcançou um importante apoio internacional, que também conta com a oposição de forças de extrema direita. A Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF) anunciou que realizará um ato de solidariedade em frente à embaixada argentina em Brasília. Da mesma forma, a Central dos Trabalhadores do Uruguai (PIT-CNT) e a Intersindical Francesa farão o mesmo nas capitais de seus respectivos países.
Edição: Lucas Estanislau
https://www.brasildefato.com.br/2024/01/24/milei-quer-saquear-a-argentina-mas-nao-vamos-permitir-trabalhadores-explicam-razoes-da-greve
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