Lula demarca duas terras indígenas atingidas por garimpeiros no Dia da Amazônia

 

Escrito em Meio Ambiente
Lula demarca duas terras indígenas atingidas por garimpeiros no Dia da Amazônia
Marina Silva, Lula e Sônia Guajajara. Ministras do Meio Ambiente e Mudança Climática e dos Povos Indígenas com o presidente Lula. Ricardo Stuckert

Medida vem às vésperas do julgamento do Marco Temporal no STF; Saiba quais são as 8 terras indígenas já homologadas pelo Governo Lula e as 6 que podem ser demarcadas ainda esse ano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta terça-feira (5) a demarcação de duas terras indígenas na região amazônica durante celebração no Palácio do Planalto em comemoração ao Dia da Amazônia. A assinatura vem 15 dias antes da retomada do julgamento da tese do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para o próximo 20 de setembro.

A votação está em 4 a 2 contra a tese que prevê que apenas terras com ocupação comprovada na data da promulgação da Constituição de 1988 podem ser reivindicadas pelos indígenas. Contra a tese votaram Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin; a favor votaram os dois ministros indicados por Bolsonaro, André Mendonça e Nunes Marques.

Com os dois novos territórios homologados, o Brasil já demarcou 8 terras indígenas em 2023, retomando um processo que tinha sido paralisado durante os anos de governo Bolsonaro. Há ainda outras 6 terras indígenas que podem ser demarcadas ainda nesse ano.

Uma das terras demarcadas por Lula neste Dia da Amazônia é a Terra Indígena de Rio Gregório, localizada no oeste do Acre e com área de 187 mil hectares. Sua população de cerca de 600 pessoas se divide em duas etnias: Kutukina Pano e Yawanawá.

A Terra Indígena de Acapuri de Cima, no noroeste do Amazonas, próxima do Vale do Javari, onde Dom Phillips e Bruno Pereira foram assassinados, tem população de aproximadamente 500 pessoas, todas do povo Kokama. Ambas as comunidades sofrem com a violência sistemática de garimpeiros, madeireiros e pescadores.

“Não podemos deixar que a Amazônia seja um palco precedido do crime organizado neste país. Vamos combater todo tipo de ilegalidade nesse país para que o povo da Amazônia possa viver feliz,” declarou o Presidente Lula.

Além do presidente Lula, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara também festejou a retomada das demarcações. “Proteger nossos territórios é garantir nossas vidas indígenas, assegurar diversidades e enfrentar divergências climáticas. A Amazônia viva depende de mantermos vivos os povos indígenas”, disse.

Já Marina Silva, a Ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática, afirmou que a homologação das terras é um passo importante para o projeto de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030. Marina reafirmou o que foi sito por Guajajara: “A Amazônia viva depende dos povos indígenas estarem vivos”.

Terras Indígenas homoladas pelo Governo Lula em 2023, todas em abril

  • Arara do Rio Amônia, no Acre, tem 21 mil hectares e população de 434 pessoas do povo Arara;
  • Kariri-Xocó, em Alagoas, tem 4 mil hectares e população de 2300 pessoas;
  • Rio dos Índios, no Rio de Grande do Sul, tem 715 hectares e 143 habitantes do povo Kaingang;
  • Tremembé da Barra do Mundaú, no litoral do Ceará, abriga 580 pessoas do povo Tremembé em 4 mil hectares;
  • Uneiuxi, no oeste do Amazonas e próximo de fronteiras com Peru e Equador, tem 554 mil hectares de área e abriga, entre seus 249 habitantes, o povo Nadob e os povos isolados do Igarapé do Natal;
  • Avá-Canoeiro, em Goiás, é a menos populosa, com apenas 9 habitantes. O povo Avá-Canoeiro é um dos ameaçados de desaparecimento, com apenas 25 indivíduos espalhados entre Goiás e Tocantins. Exímios na produção e navegação com canoas, falam idioma derivado do tupi-guarani.

Terras que segundo o Ministério dos Povos Indígenas ainda podem ser homologadas em 2023

  • Morro dos Cavalos, em Palhoça (SC), na Grande Florianópolis, abriga 119 guaranis distribuídos em 2 mil hectares;
  • Toldo Imbo, em Abelardo Luz, no oeste de Santa Catarina, abriga 381 pessoas do povo Kaingang em 2 mil hectares;
  • Aldeia Velha, em Porto Seguro (BA), abriga 883 pataxós em 2 mil hectares;
  • Potiguara de Monte-Mor, em Rio Tindo (PB), tem 7 mil hectares e abriga 9143 potiguaras;
  • Xucuru-Kariri, em Paimeira dos Índios (AL; divisa com Pernambuco), tem 7 mil hectares e abriga 1676 pessoas do povo Xukuru-Kariri;
  • Cacique Fontoura, São Félix do Araguaia(MT), abriga 489 pessoas do povo Iny Karajá em 32 mil hectares. 
https://revistaforum.com.br/meio-ambiente/2023/9/5/lula-demarca-duas-terras-indigenas-atingidas-por-garimpeiros-no-dia-da-amaznia-143651.html

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