Contarato aciona MPF e André Valadão pode ser preso por pregar assassinato de pessoas LGBT

 

Fabiano Contarato aciona MPF contra André Valadão após pregação homofóbica. Créditos: Agência Senado/Igreja Batista da Lagoinha/Divulgação

Por Ivan Longo
LGBTQIAP+3/7/2023 · 16:05

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) informou nesta segunda-feira (3) que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) solicitando investigação criminal contra o pastor bolsonarista André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, por pregação em que incita os fiéis a assassinarem pessoas LGBTQIA+

As declarações homofóbicas, que configuram crime, foram proferidas por Valadão em culto evangélico no último domingo (2) realizado nos Estados Unidos e transmitido para fiéis brasileiros através das redes sociais. 


"Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal [a homossexualidade] aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: 'não, pode parar, reseta'. Aí Deus fala, 'não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês'. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você", disparou o pastor, incitando os espectadores a matarem pessoas LBTQIA+

"Sacode os quatro do teu lado e fala, 'vamos pra cima. Eu e a minha casa serviremos ao senhor'. Aí, por causa de uma porta que parecia bonitinha, um casal LGBT casando, aí agora você tem drag queen dentro da sala de aula", prosseguiu Valadão. 

Para Fabiano Contarato, a pregação de Valadão incorre em homofobia explícita e, por isso, vai acionar o MPF para que o pastor seja alvo de inquérito criminal - que pode, inclusive, levar o líder religioso à prisão

“Apesar de ele estar nos Estados Unidos, os telespectadores estão no Brasil, e o Judiciário brasileiro já tem jurisprudência para tratar casos assim. Além disso, a homofobia pode ser enquadrada como crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, com penas que podem chegar a 5 anos de prisão”, afirma Contarato. 

O senador, que é homossexual e ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, destaca que os Poderes brasileiros não podem permitir que discursos de ódio sejam disseminados livremente, seja presencialmente ou pelas redes sociais.

“Em um país em que uma pessoa LGBT é morta a cada 32 horas, é inadmissível que tenhamos pessoas que se dizem líderes religiosas incitando a violência e o assassinato em massa. A liberdade, seja de expressão ou religiosa, acaba quando o discurso vai contra a vida de qualquer pessoa. Esse homem não representa Deus e muito menos os ensinamentos cristãos. Deus é amor, é união, é respeito, jamais discurso de ódio e de intolerância”, pontua o petista. 

Assassinatos de pessoas LGBTQIA+ no Brasil

Em 2022, o Brasil assassinou uma pessoa LGBTQIA+ a cada 32 horas. O Dossiê de Mortes e Violência contra LGBTI+ revelou que 273 vítimas perderam a vida de forma violenta. O número segue em alta nos últimos anos. Em 2021, foram 316 mortes. Já em 2020, foram 237.

“Legislativo, Executivo e Judiciário devem ser vigilantes e trabalhar para evitar que esse tipo de discurso seja tolerado e se perpetue. É isso que faz com que a comunidade LGBT seja assassinada de forma recorrente. Quem compactua com isso também fica com as mãos sujas do sangue”, declara Fabiano Contarato.     


https://revistaforum.com.br/lgbt/2023/7/3/contarato-aciona-mpf-andre-valado-pode-ser-preso-por-pregar-assassinato-de-pessoas-lgbt-138788.html 

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André Valadão carrega culpa por desejar a homossexualidade, diz Jean Wyllys

Ex-deputado explicou a homofobia extremada do pastor evangélico

(Foto: Reprodução/Twitter Jean Wyllys)

247 – O ex-deputado federal Jean Wyllys expressou forte desaprovação em relação ao pastor André Valadão, acusado de incitar ataques contra a comunidade LGBTQIA+. 

A fala do ex-parlamentar veio em resposta às declarações polêmicas proferidas por Valadão durante um culto realizado na Igreja Batista Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, e transmitido online.

Em sua manifestação, Jean Wyllys criticou o uso da expressão "supostamente homotransfóbica" para descrever as palavras do pastor, considerando-a uma forma de minimizar a conduta prejudicial de Valadão em relação à comunidade LGBTQIA+. Wyllys alegou que os ataques perpetrados pelo religioso são sintomas de uma culpa profunda que ele carrega por supostamente desejar a homossexualidade.

A repercussão das declarações de Valadão não se limitou apenas à comunidade LGBTQIA+, alcançando políticos e internautas em geral. 

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) abriu um inquérito para investigar o caso, em resposta a uma solicitação da deputada federal Erika Hilton, do PSOL-SP, que também pediu a prisão do pastor pelo seu discurso discriminatório e incitador de violência.

A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, também se pronunciou contra as declarações de Valadão, repudiando tanto seus ataques a homossexuais quanto suas críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

A postura do pastor, que foi um apoiador entusiasmado do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral do ano anterior, causou indignação em diversos setores da sociedade.

O caso coloca em evidência a necessidade de combater a homofobia e a transfobia, bem como de responsabilizar aqueles que incitam ou promovem violência contra pessoas LGBTQIA+. 

A incitação ao ódio e a violência não apenas viola direitos humanos básicos, mas também contribui para a disseminação de um ambiente hostil e perigoso para a comunidade LGBTQIA+, que já enfrenta desafios significativos em  termos de igualdade e inclusão.  

https://www.brasil247.com/brasil/andre-valadao-carrega-culpa-por-desejar-a-homossexualidade-diz-jean-wyllys

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