Aumento da população com mais de 60 anos gera demanda de políticas públicas voltadas a idosos no Alto Tietê
Segundo projeção do Seade, mais de 220 mil pessoas da região são idosos. Juraci Fernandes, presidente do Conselho Municipal do Idoso de Mogi das Cruzes, afirma que faltam políticas públicas para cuidar do envelhecimento desta população.
Por Diário TV 1ª Edição
Alto Tietê se prepara para o envelhecimento da população
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Isso equivale a um quinto da população do planeta. Diante desses números, as cidades precisam pensar em políticas públicas que atendam de forma adequada e eficaz essa parcela numerosa da população.
As meninas da melhor idade aproveitam as aulas de dança oferecidas no Centro de Atividades para Idosos, no Jardim Aeroporto, em Mogi das Cruzes. Elas mostram que estão com a corda toda. Luiza Prado, de 65 anos, sempre vai ao local embalada e na elegância.
“No saltinho danço melhor do que no tênis (risos). Ah, é muito bom porque a gente precisa. Porque se você fica em casa, você fica assistindo só TV o dia inteiro, pensando que não pode. Então, pelo menos aqui você esquece do mundo lá fora. Você cuida de você, você não pensa. A gente sabe que tem os problemas lá fora pra resolver, os filhos tudo, mas a gente sempre está aqui, sempre cuidando da saúde, movimentando”, contou a aposentada.
População idosa — Foto: TV Diário/Reprodução
Geni Lima tem 69 anos faz parte de um grupo com cerca de 30 idosos que fazem atividades duas vezes por semana e não perde uma aula.
“A gente tem que se exercitar porque fica parada, vai enferrujando. Então, a gente tem que exercitar. Aqui você faz amizades novas, você se diverte, dança. É muito gostoso, é muito bom. Exercita a mente também. Enquanto eu estiver aguentando sair de casa eu venho. Meus filhos falam que eu tenho rodinha nos pés”, disse Geni.
Pensar no idoso é pensar no futuro e cuidar do psicológico deles faz toda diferença. Muitos ficam dentro de casa e sem atenção. Neonice Pena de Morais tem 66 anos e estava com depressão.
“Antes era tristeza. Eu tinha muita depressão e, depois, quando eu fui convidada a entrar no Cecim, agora Casa de Clara, a minha vida era só chorar, tremedeira. Falta muita coisa [para os idosos] porque a gente não tem o nosso espaço. A gente era do Conjunto São Sebastião, aí a gente mudou pra creche lá da Vila da Prata, aí não podia mais. Agora a gente entrou na Casa de Claras, no Cifras. Mais casas porque tem muita gente morrendo dentro das suas próprias casas, não tem com quem conversar, não tem com quem desabafar. Porque os filhos trabalham, não tem tempo para os pais, e às vezes nem moram perto também. E a gente gostaria que a gente pudesse ajudar todos, entrar pra esse projeto seria muito bom”, disse Neonice.
Uma projeção divulgada pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostra que a população do Alto Tietê está ficando mais velha. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais passou de 6,1%, em 2000, para 13,2% neste ano, o equivalente a 220.129 habitantes da região.
Em contrapartida, o número de crianças e jovens menores de 19 anos vem caindo ao longo dos anos. Segundo o Seade, eles representavam 41,3% da população regional há pouco mais de duas décadas. Agora são 27,8%.
“Podemos fazer mais. Como a população está envelhecendo, isso significa que vai aumentar a população idosa. Nós temos uma estimativa de 2020 que tem mais criança e adolescente do que idoso. Em 2030, essa pirâmide vai inverter, nós vamos ter mais idosos. E isso é um processo crescente. Precisamos investir sim, criar outras políticas pra prevenir, principalmente, o acolhimento institucional”, explicou Vera Lúcia de Freitas, coordenadora da Coordenadoria do Idoso de Mogi das Cruzes.
“O que a gente percebe é que a política pra pessoa idosa não está no plano de governo. Então, o que nós estamos vendo é que está se tentando apenas mal conservar o que nós temos, sendo que nós já estamos super atrasados com as políticas públicas voltadas pra população que está num processo de envelhecimento. Todas nós, eu, você, toda a população”, disse Juraci Fernandes, presidente do Conselho Municipal do Idoso de Mogi das Cruzes.
Juraci ainda comenta que, mesmo com os centros para idosos, ainda faltam políticas públicas eficazes para cuidar do envelhecimento da população que cresce de forma acelerada.
“Nós temos ILPI’s, mas muito aquém da necessidade. O que são ILPI’s? São as casas de repouso. Hoje nós temos uma lista de espera, que eu costumo dizer que é a lista da morte. Por quê? Porque as pessoas que estão aguardando a lista elas só sairão da lista se alguém morrer. Então, nós precisamos de mais casas de repouso filantrópicas porque o custo é alto mesmo, as pessoas não têm condições de pagar numa particular, a maioria da população. Porque a grande maioria envelheceu numa condição muito ruim, sem saúde, sem trabalho. Então, nós temos que correr atrás desse prejuízo”, completou Juraci.
As iniciativas citadas pela presidente do Conselho Municipal do Idoso de Mogi das Cruzes transformam a vida de quem ainda tem muito o que aprender, como o aposentado Herculano Coimbra, por exemplo, que ainda espera viver por muito tempo.
“Ah, mais uns trinta anos está bom”, contou Herculano.
Sobre as casas de repouso, a Prefeitura de Mogi das Cruzes disse que uma instituição de longa permanência foi entregue em maio, e outras duas devem ser inauguradas em breve. Com isso, a prefeitura acredita que vai zerar a fila de espera.
A administração municipal disse também que o serviço de convivência está passando por reestruturação, com foco na implantação de novos núcleos. Para mais informações sobre os serviços disponíveis na cidade e saber como participar, basta procurar uma unidade do Creas ou do Cras ou através do site da Prefeitura de Mogi.
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2023/07/22/aumento-da-populacao-com-mais-de-60-anos-gera-demanda-de-politicas-publicas-voltadas-a-idosos-no-alto-tiete.ghtml
