Até agora, apocalípticos sobre o governo Lula perdem para os fatos

 

Reinaldo Azevedo - Folha: 

Faz tempo que o Apocalipse rende fama, ao menos. Lendo isso e aquilo, vi-me compelido, mas resisti a antever que o governo Lula iria acabar antes de começar. A PEC da Transição, aprovada em dezembro, estaria a anunciar que o gestor fiscalmente responsável que chegara ao poder em 2003 tinha ficado para trás. O país teria de se haver com um gastador irresponsável, ressentido, ultrapassado, que armava um déficit primário neste ano de pelo menos R$ 230 bilhões — ou 2% do PIB. Fato: deve ficar abaixo de R$ 100 bilhões.

O economista de uma empresa privada que previsse em dezembro um rombo de "2,3 x", obrigando-se a rever a conta, três meses depois, para menos de "1 x", levaria um pé nos fundilhos. O capital não aceita certos desaforos. Quando se trata de contas públicas, no entanto, o erro estúpido pode fazer a fama de "analista independente", que não se deixa enredar pela conversa mole de governantes, à diferença desses "sabujos por aí"...
(...)
A antevisão mais famosa do fim da história não é a de Hegel. Nem a de Francis Fukuyama. Jesus, por meio de João, emplacou a mais espetaculosa no Livro da Revelação. Tantos são os sortilégios antes de um presumível novo amanhecer, que "apocalipse" virou sinônimo daquilo que, afinal, está mesmo lá: o fim dos tempos conforme conhecidos. A linguagem apocalíptica é também um estilo e não se restringe ao proselitismo religioso. O ideológico costuma ser bastante agressivo, não deixando margem para dúvida. Nem quando "2,3 x" viram menos de "1 x". Sem nem pedido de desculpas à aritmética que seja.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.  

Reinaldo Azevedo 

Colunista do UOL

14/04/2023 04h14 

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